LEMBRANÇAS AUTOBIOGRÁFICAS

Hoje pus-me a lembrar de minha infância, adolescência e consequentemente cheguei até o hoje.
Nasci na cidade de Ituiutaba-MG, no Triângulo Mineiro . Meus abençoados pais, Ítalo e Isolêta deram-me a oportunidade de renascer e a Capital do Arroz, como era chamada Ituiutaba, acolheu-me também com muito carinho.
Infância tranquila, feliz, sem preocupações e sem dificuldades. Estudei durante todo o período no glorioso Instituto “Marden”, desde o primeiro ano até completar o Curso Normal, estudando também ballet e piano.
Católica de berço – minha mãe não deixava nenhum de nós sair sem antes ir à missa-, mas eu era, sempre fui indagadora e muita coisa não compreendia e ficava me perguntando: se Deus é Pai, existem pessoas que passam fome e frio, sofrem mais, por quê? Ninguém sabia responder-me, nem os padres. Diziam que eram desígnios de Deus, que Ele assim queria.... Que vida, como um Pai quer o bem de um filho e deixa o outro ao relento, a sofrer dores?
Casei-me , tive dois filhos maravilhosos e a vida continuava sem muitos atropelos.
E foi aí que conheci o querido Jerônimo Mendonça. Sentia-me flutuar, quando de lá saía, tal era a compreensão e o entusiasmo que transmitia a todos que o procuravam, mesmo sendo cego e paralítico, porém possuidor de uma eloquência capaz de sensibilizar o mais duro ateu. Abraçou a doutrina espírita com amor e ficou conhecido no Brasil inteiro por suas obras de caridade.
Por algum tempo pude usufruir de seus ensinamentos e de sua companhia, gravando livros para que ele pudesse estudar, pois não podia ler e valia-se desse recurso dos amigos.
Voltei a estudar, agora cursando a Faculdade de Letras e foi aí que meu marido foi transferido para Iturama-MG, onde ficamos por quase 20 anos. Continuei meus estudos nas cidades vizinhas, como Jales-SP, Barretos e Votuporanga. Isso, após ministrar , no mínimo 8 aulas por dia, viajava , mas consegui e depois fiz pós-graduação nas duas áreas, tanto em Português como em Pedagogia.
Como a cidade era pequena, porém acolhedora, meus filhos tiveram que estudar fora e foi um período muito difícil de adaptação. De repente a casa ficou grande demais, a saudade batia forte, apesar de ter inúmeros e grandes amigos.
Nesse período freqüentava o Centro Espírita Luz do Caminho, que foi inaugurado pelo nosso querido Chico Xavier, onde fazíamos nossos estudos, nossas reuniões e distribuição de sopa e enxoval para bebês. Que lembranças boas tenho de lá, como me sentia bem!
Após minha primeira aposentadoria, aos 42 anos, ficamos por mais algum tempo e foi somente depois que meu marido aposentou, nos mudamos para Uberaba, para que pudéssemos ficar mais perto dos filhos. Como já conhecia o Chico, através de Jerônimo, ia sempre às reuniões, que muitas vezes terminava alta madrugada.
Fui convidada a trabalhar na área pedagógica da Faculdade de Uberaba e fiquei até 2004, quando me aposentei pela segunda vez.
Meu filho casou-se em Belo Horizonte e minha filha seguiu seu caminho indo para Brasília, sempre trabalhando e estudando com afinco.
Hoje temos dois netinhos, uma linda menina de 4 anos e um menino de sete meses e foi por essa razão que nos mudamos para Esmeraldas, pois fica na Grande BH, somente 55 km da Capital.
Não queríamos e nem nos acostumaríamos a viver em uma cidade grande, em apartamento, por isso procuramos nos lugares pertos e encontramos esse paraíso onde estou vivendo e ousei até fazer uma poesia em homenagem a Esmeraldas e à minha casa, que embora simples, é o meu canto, é o meu teto, é o MEU PARAÍSO.
Meu Deus, três dias após nossa mudança, quando ainda estava tudo fora do lugar, meu marido sofreu um infarto, mas graças a Deus foi socorrido a tempo, fez cateterismo e angioplastia em Belo Horizonte e tudo está bem. E é nesse momento que mais somos ajudados, que Deus nos carrega no colo, que encontramos amigos e vizinhos como encontrei aqui.
E hoje, aqui da varanda, olhando para as flores, ouvindo uma suave música, conversando com os pássaros, apreciando tudo, relembro com carinho, cada passo, cada alegria, cada dificuldade que ao longo desses anos passei. Agradeço a Deus pelas dores, que foram aprendizados, como também agradeço as alegrias.
Em setembro de 2008, partindo de uma brincadeira com uma amiga e grande incentivadora, Tere Penhabe, comecei a escrever poesias, que sempre gostei de ler. Encontrei nesse mundo virtual pessoas maravilhosas que me incentivam, porque meus passos ainda são trôpegos, vacilantes, indecisos, mas leais e autênticos. Há quem tenha o carinho de enviar-me as lindas formatações (Vera Jarude, Rute Seubert e SuelyDam) e vez em sempre, participo de duetos e cirandas, principalmente com os grandes poetas Marcial Salaverry , Humberto Rodrigues Neto e Sérgio Hortz. Mas ouso escrever sem plágio, sem me inspirar em poesias de outros autores, pois em mim gritam mais alto o respeito e a ética.
Para mim tem sido uma terapia, uma lavagem da alma, que por mais que não queiramos, sempre há algo de nós, dentro do que escrevemos.
E sabem de uma coisa? Não posso continuar, porque o piscineiro está cuidando do que os meus tesouros mais gostam: nadar. Chegarão joje e eu terei muita coisa para preparar e esperar, como sempre faço aos finais de semana, E quando eles não vêm, eu vou, porque agora estou perto.

Maravilha!

Esmeraldas, 06 de novembro de 2008
Ruth Gentil Sivieri
Enviado por Ruth Gentil Sivieri em 12/11/2008
Reeditado em 21/03/2019
Código do texto: T1279214
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