Quem Deve Ser o Instrumento?
Nas organizações das sociedades, existe uma tríade propalada e badalada , tanto pelos meios de comunicação, quanto pelos nossos colóquios cotidianos: “Política”, “Economia” e o “Social”.
Fazendo reflexões sobre essa tríade, muitos devem chegar à seguinte indagação: “no equacionamento das organizações das sociedades o que é o Problema, qual o Instrumento para solucioná-lo e quem é o Agente para a solução ” ?
Esse tipo de questionamento decorre da comparação que fazemos entre a realidade e a situação, não só aquela desejada por nós, mas, também, a idealizada por um grande número de seres diferenciados, que construíram as ideologias e as religiões.
Entendemos que o “Social” é o Problema. A “Política” exercida pelos poderosos principalmente e, num plano secundário, por cada um de nós, é o Agente e, como tal, utiliza como Instrumento os recursos, bens de produção e serviços - a “Economia”.
A harmonia e o equilíbrio dessa tríade deveria construir uma sociedade voltada para a evolução de seus membros e preservação da natureza - “Satisfação Social”.
Será que nossa realidade: sociedade “globalizada”, “reengenharizada”, “liberalizada”, “estabilizada”, que promove o risco, a agressividade e a competição, é compatível com a “Satisfação Social” ?
Sentimos que ocorreu uma espécie de “esclerose funcional” da tríade. Ocorreu uma inversão dos papéis. A “política”, agente responsável por essa inversão, passou a considerar a “Economia” o problema. Suas diretrizes são orientadas para utilizar o “social” como Instrumento para atingir a “excelência econômica”.
As sociedades bem sucedidas, organizadas com base nessa “esclerose funcional”, se caracterizam por: inflações muito baixas; baixo déficit público; pequeno controle e fiscalização do Estado; com o patrimônio e os lucros concentrados e centralizados; e com os prejuízos rateados por todos.
Dessa forma a “política”, em grande estilo e com muita competência, desemprega em massa, implanta o “terrorismo institucional” ao destruir a previdência, a assistência e a segurança, convive com o tráfico, com o jogo, a sonegação e outros tipos de assaltos ao patrimônio, que deveria ser público.
Faz muito mais ao anestesiar, drogar ou embriagar as massas com um sentimento de desagregação, desespero e impotência, de forma que os cidadãos se sintam incapazes para toda ou qualquer iniciativa de organização e resistência.
A “política” abandona crianças e velhos , marginaliza adultos e enche de desesperança a juventude, para atingir a “excelência econômica”. Com esse mesmo objetivo, essa “política” nos impinge um conceito de eficácia que fantasia de normalidade fatos como: escolas sem professores, hospitais sem médicos ou sem as mínimas condições de trabalho, exércitos de indigentes, analfabetos, desempregados ou de famintos.
É a “Política” que define a “Economia” como Instrumento da “Satisfação Social” ou o “Social” como Instrumento da “excelência econômica”, caracterizada por estabilidade e crescimento econômico.
A “política” que define a “Economia” como problema, ou seja aquela voltada para a “excelência econômica”, garganteia os seus sucessos nos meios de comunicação, por meio dos índices econômico-financeiros.
Apesar de o “cacarejo” da mídia para que idolatremos esses índices, existem alguns brasileiros que já pressentem, com o início da “Era Aquariana”, a cura dessa “esclerose funcional” e o retorno da “Economia” e do “Social” aos seus verdadeiros papéis.
Esse grupo intui que os meios de informação e comunicação do futuro destacarão como resultado da administração das sociedades, em vez dos atuais índices econômico-financeiros, alguns dos índices atuais, de divulgação restrita, que medem o “subdesenvolvimento social” e a “destruição da natureza”, bem como novos índices para indicar a “Satisfação Social” , tais como:
quantidade de dias/ano sem consumo de álcool, drogas, cigarros e psicotrópicos;
quantidade de dias/ano sem freqüência a temas pornográficos e violentos;
quantidades de dias/ano sem acidentes de tráfego;
quantidade de dias/ano sem “maracutaias” municipais, estaduais ou federais;
quantidade de dias /ano sem conflito social;
quantidade de dias/ano sem violência urbana;
quantidade de dias de dança/capta;
quantidade de dias de prática de esporte/capta;
quantidade de dias de pesquisa bibliográfica/capta;
quantidade de dias de música de Wagner, Mozart, Bach, Beethoven, Pixinguinha, Cartola, João Gilberto, Chico, Tom, Vinicius, Gil, Milton Nascimento e similares/capta;
quantidade de dias de vivência de fraternidade/capta;
quantidade de dias de vivência do amor/capta;
quantidade de dias de conversa com Deus/capta.
“Tudo pela Economia” é nosso esforço em rimas singelas, que tentam satirizar a tragédia da mentira daqueles que, sob as bandeiras da “social democracia” ou do ”tudo pelo social”, implantam a versão contemporânea do capitalismo selvagem.
“Tudo pela Economia” é também o registro de nossa convicção de que a Civilização Aquariana descobrirá a terapêutica para a atual “esclerose funcional” e implantará políticas para que a “Economia” seja um instrumento do processo de desenvolvimento social e de preservação da natureza.
Tudo pela Economia
Faça chuva, ou sol se faça,
seja noite ou seja dia,
a política “traveste” a massa
para instrumentos da Economia.
Se o trabalho falta,
põe mais água no feijão.
A política mais alto fala:
“famintos! Segurem a inflação”.
Se a assistência vai mal,
orações e velas ao santo.
Altos são os custos do hospital.
“Doentes! Equilibrem o balanço”
Se a justiça, aos teus direitos, é cega,
se queres lida no teu dia,
foge da carteira assinada,
“estabilidade, só para a Economia”.
Nas ruas, como ameaça, a criança.
Nos lares, a solidão desempregada.
Nos bares, o burburinho sem esperança.
Nas bolsas, as ações em disparada.
Tudo questão de destino ou sorte.
“Excluídos! que não perdem nada,
mantenham a moeda forte”.
“Fora , política subversiva”!
Gritem por amor aos seus.
“Traveste” homem e natureza,
imagens sublimes de Deus,
para instrumentos da Economia.