Pensei em dizer que amo

Pensei em dizer que amo, mas sem falar ou escrever, e mau me sobraram gestos, estava amarrado as convenções fúteis de pessoas cotidianas que nem faziam parte do meu.

Minhas palavras soavam baixinho dentro do coração, amansando o temporal que carregava dentro do peito, meus olhos secos se inundavam querendo descer rio abaixo sem medo de qualquer cachoeira que por ali viesse. Não me calei, já estava em silêncio a tempos, ouvindo o som de sua respiração no vácuo de minhas memorias futuras onde tudo reservava seu espaço dentro de mim. Não disse nada, esperava que você compreendesse tudo que meu silencio tinha a dizer, contar, gritar, desenhar, que fosse, havia muito mais, mas só o toque e o silêncio teriam habilidade para isso. Meus gestos e palavras eram insuficientes e meu corpo, já sabido, era limitado a esta tarefa, o trajeto disse mais que o objetivo, e o objetivo se desfez em meio a tanto caminhar, não, não bastava entender, compreender e saber, o silêncio ali, bastava, sua respiração e a minha, no mesmo lugar, senti seu hálito sobre o meu, o olhar dentro do olhar, tudo se disse, e fiquei tranquilo, não pensava mais em dizer que amo, eu amava.