DOMINGO DE CHUVA

As cidades empalidecem sob a chuva fina, empalidecem diante do vento frio que escorrega pelas ruas, pelos telhados, pelas praças. Nos grandes centros urbanos, uma aura de solidão se espalha, onipresente nas calçadas desertas, na ausência de sons. Vez por outra, um guarda-chuva colorido desfila corajosamente em direção às paradas de ônibus, ou à procura de um solitário táxi que passa em disparada.

Casais de namorados enfrentam as filas dos cinemas, conversam placidamente nas cafeterias dos shoppings, passeiam distraidamente diante das vitrines.

As casas ostentam o hálito das vidraças, enfumaçando as famílias dentro, as janelas fechadas entrecerrando as famílias dentro, os sons dentro das casas e as ruas silenciosas, tudo isso pertence exclusivamente aos domingos, tudo isso pertence exclusivamente aos domingos de chuva.

Sonolentos, são assim os domingos de chuva.