Sônia

No registro não vem com acento. Mas eu sempre fui exagerada na acentuação gráfica, e, assim, como iria deixar uma palavra paroxítona terminada em ditongo, sem acento? Ainda mais uma palavra que sempre escrevi diversas vezes ao dia. Inconcebível e vocês hão de concordar comigo.

Há muitas Sônias, especialmente na minha faixa de idade. O que algumas vezes me irritou: _ Quero falar com a professora Sônia. _ Qual delas? A gordinha? (e tinha uma xará minha, também gordinha, porém mal-cuidada, mal cheirosa, puxa, ficava ofendida e vocês me darão razão de novo).

Ou então, a Sônia. Qual? A Casalotti. Quando eu era mocinha, não gostava disso. Achava que me dava um toque de seriedade muito acentuado. Depois encarei com maior tranquilidade.

Três anos atrás, ao escolhermos a nova coordenadora para nossa escola, sendo ela minha xará, fiquei com um dilema. Ao telefone, pediam: _ Gostaria de falar com a Sônia. Os funcionários já tinham que perguntar, qual delas?

Então ficou estabelecido que a coordenadora é a Sônia e eu, assumi finalmente o título que sempre insistiam em me dar, de dona Sônia. Me incomodava, antigamente, mas agora, quase chegando aos meus cinquenta anos, sabe que está combinando comigo?

Eu e as Sônias somos uma verdadeira legião (espero que de anjos). Em concursos, há salas completas com Sônias. São Marias, Reginas, Aparecidas. Meus pais colocaram dois nomes em todos os cinco filhos, sendo o segundo, sempre um nome de santo. Eu sou Maria.

Eita nome bonito, Sr. Olívio e Dona Olga! Eles tiveram muito bom gosto. Além do primeiro nome, que significa sabedoria, o segundo, com a força da Maria. É feminino, é suave e forte ao mesmo tempo. Parece muito comigo o meu nome. Ou sou eu que me pareço com ele?

Taí, curto muito meu nome!

Sônia Casalotti
Enviado por Sônia Casalotti em 24/11/2008
Reeditado em 24/11/2008
Código do texto: T1299991