O americano inteligente

Confesso que nunca entendi como os Estados Unidos chegaram onde chegaram: a população do país mais importante do mundo é, também, a de menor QI aparente, na média. A nação que nos deu Hemingway, Norman Mailer, Jefferson, Benjamin Frankling, Mark Twain, Menkin, Dean Kamen, Eastman, Thomas Edison e uma infinidade de gênios nas mais diversas áreas, nos mostra diariamente o que há de mais retrógrado em termos culturais no mundo. E quando digo “culturais”, não me refiro a grandes arroubos de intelectualidade, mas apenas uma pequena compreensão do mundo e do que o forma. Baseado nisso, desenvolvi a teoria de que os EUA são uma prova do poder divino: apesar da “tosquice”, seriam o país mais poderoso do mundo, somente porque Deus assim o quer!

Na semana passada, Nicholas Kristof, cronista do New York Times publicou brilhante artigo com o título de: “Obama e a guerra de cérebros”. Achei mais um apoiador de minha tese e não resisto em compartilhar trechos de seu texto. Infelizmente não há espaço para todo ele. Dizendo que a eleição de Obama é marco em mais aspectos além da cor de sua pele, escreveu: “A segunda coisa mais importante é que os eleitores americanos escolheram um presidente que é abertamente um intelectual praticante. .... Quem sabe o resultado seja um passo para longe do anti-intelectualismo que, por muito tempo, foi uma marca da vida americana.”

“Não podemos resolver os desafios da educação se, de acordo com pesquisas, os americanos estão tão inclinados a acreditar em discos voadores, quanto na evolução, e um quinto dos americanos acredita que o sol gira ao redor da Terra.... Quase a metade dos americanos disseram, em uma pesquisa de 2006, que não era necessário saber a localização de países onde fatos importantes acontecem. Isso deve ser uma alívio a Sarah Palin que, de acordo com a Fox News, não sabia que a África era um continente e não um país”.

“Agora os tempos podem estar mudando. De que outra forma podemos explicar a eleição de um professor de direito formado na Ivy League (associação de oito universidades privadas americanas com altíssimos padrões de excelência) que tem filósofos e poetas preferidos?”

“Um intelectual é uma pessoa interessada em idéias e confortável com a complexidade. ...aprecia as lições de Sófocles e Shakespeare de que as incertezas e contradições abundam no mundo e de que líderes se auto destroem ao se tornarem demasiadamente rígidos e demasiadamente intoxicados com as fumaças da clareza moral.”

E termina: “Agora Obama vai a Washington, tenho a esperança de que sua mente fértil estabeleça um novo tom ao nosso país. Quem sabe muito cedo nossos líderes não tenham mais que corar de vergonha quando pegos com cérebros em suas cabeças.”