Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos

Outro dia ouvi uma frase muito interessante de um amigo meu. Estávamos nós a falar sobre relações familiares quando ele se sai com esta: “ nunca conheci uma mulher que não fosse emocionalmente instável”
Pois nessa altura nem respondi ao comentário. Continuei no tema dos problemas entre irmãos e entre pais e filhos e vice-versa e coisa e tal. Mas sorrateiramente a frase ficou lá...como direi...talvez como dizem os ingleses “ in the back of my mind”. E volta e meia lembro-me dela.
Talvez por não saber muito bem como rebate-la. Por mais que me apeteça responder à letra temo que o meu amigo tenha razão. Ora vejamos. Em primeiro lugar podia argumentar com o meu exemplo. Mas pensando melhor, não. Não poderia. Mesmo.
Em segundo poderia dizer que o facto de ele nunca ter conhecido nenhuma mulher emocionalmente estável não pode excluir a hipótese delas existirem. Ora é neste ponto que a porca torce o rabo. É que eu também não conheço todas as laranjas do mundo, apenas vi algumas centenas e apesar disso posso dizer que uma laranja é um fruto redondo e é cor-de-laranja. Pois com as mulheres deve ser o mesmo. Quer o meu amigo tenha conhecido muitas ou poucas o resultado vai dar ao mesmo: não as conhece a todas e no entanto uma mulher é uma mulher ponto final.
Eu por experiência profissional faço em média, por semana, uma cirurgia que se designa: ovário-histerectomia. O sufixo ectomia significa remover. A técnica consiste na remoção dos ovários e do útero. Então porque se diz Histerectomia? Porque tirar o útero é tirar a histeria. Exacto. Quando os médicos começaram a remover úteros ás mulheres faziam-no para resolver casos de histerismo. Porque afinal o que faz com que uma mulher seja histérica: a sua condição de mulher. E o que é que torna a mulher, mulher: o útero! Há que removê-lo quando uma mulher se torna demasiado mulher.
Não deixa de haver aqui uma certa sabedoria empírica. Vamos fazer o seguinte exercício mental. Uma pequena experiência. Imaginemos que uma mulher está calmamente a vestir-se (ou a despir-se, como preferirem) no aconchego do seu quarto de dormir. Olha para debaixo da cómoda e vê um rato a mira-la. Qual será a sua reacção? Gritar estridentemente, sair para rua mesmo se estiver semi-nua e gritar ainda mais. Quando abordada por algum transeunte desejoso por prestar auxilio (nestas ocasiões é natural que apareçam alguns) ela aponta com o dedo mas grita e balbucia palavras incompreensíveis. Por fim gera-se uma grande confusão e os bombeiros são chamados e o rato acaba por ser morto à paulada... por um homem.
Agora imaginemos que a cena se repete mas tiremos a mulher e coloquemos um homem. Ele despe-se (aqui despe-se por eu digo que se despe) e vê um rato debaixo da cómoda. O que faz? “hum...um rato aqui? Como terá aparecido em casa? Será um hámster? Porra como vou saber? Existem mais de 600 espécies de roedores pertencentes à família Muridae.” Neste ponto a acção pode ter dois desenvolvimentos. Se o homem for um amante da natureza, enxota o rato para o meio da rua e permite que ele vá à sua vida. Se for um troglodita primitivesco dá-lhe uma pataça com toda a força e esborracha-o contra a parede. “ Ó Maria traz a esfregona aqui ao quarto e vem limpar esta bosta!”
Como se pode verificar em qualquer dos casos o problema seria resolvido com muito mais simplicidade e lógica quando o protagonista é masculino.
Como rebater a frase do meu amigo?
O melhor é calar-me, não abordar o assunto e dar-lhe razão secretamente.


AnaMarques
Enviado por AnaMarques em 29/11/2008
Reeditado em 02/12/2010
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