VALE DO ITAJAI - CALAMINDADE ou RETOMADA DO ESPAÇO FÍSICO PELA NATUREZA

VALE DO ITAJAI: CALAMIDADE ou RETOMADA DO ESPAÇO FISICO PELA NATUREZA?

O país inteiro acompanhou e se comoveu com a catástrofe ocorrida no Vale de Itajaí, no Estado de Santa Catarina, causada pelas chuvas torrenciais e ininterruptas que caíram sobre aquele vale.

Foram dias de chuvas torrenciais precipitadas sobre a região e, segundo estudos estatísticos efetuados por pessoal especializado, choveu oito vezes mais que a quantidade de chuva prevista para a época. O volume de água recolhida pelo solo atingiu a marca inacreditável de 900 litros por metro quadrado. Vimos, pela televisão, imagens inacreditáveis de uma cidade totalmente coberta pelas águas e morros se desmoronando e levando de roldão tudo o que encontrava pela frente.

Comovidos e estupefatos vimos a expressão de dor e desespero no rosto daqueles que perderam tudo: casa, móveis, víveres e tudo que estava guardado e protegido sob aqueles telhados que a todos protegiam.

A fúria daquela massa de terra e água não respeitou nem pobres e nem ricos e a todos atingiu de maneira aterradora e destruidora.

Neste momento de aflição e desespero daquele povo que sentiu a força destruidora da natureza em fúria, somos todos tomados de um sentimento de solidariedade e um desejo não só de compartilhar da sua dor, mas também de ajudar, de alguma maneira, a minimizar todo aquele sofrimento.

Muitos estarão se perguntando e buscando possível explicação para tamanha destruição. Não faltarão aqueles que vêem neste infausto acontecimento o peso de um castigo, enquanto outros perguntarão por que Deus permite tamanha desolação. Temos certeza que nem houve um castigo e nem houve um descuido de Deus para que isso acontecesse.

Todos sabemos que nada acontece por acaso; tudo é conseqüência da ação e reação e o homem, de maneira geral, é o responsável por tudo de bom que nos acontece e também pelos males que nos afligem. Neste lamentável episódio muitas causas ocorreram e se somaram para que a destruição tivesse tamanha proporção.

De um lado as forças quase imprevisíveis da natureza e de outro a incúria humana que menosprezou todos os sinais claros e evidentes da natureza e os ensinamentos que ela oferece.

Quanto aos fenômenos meteorológicos corridos no Oceano Atlântico e que culminaram naquela tragédia ninguém pode afirmar tenham acontecido devido a esta ou aquela causa. Seria efeito causado pelo aquecimento global? -- Também não sabemos.

Contudo, salta aos olhos de quem quer ver, uma causa de erro humano que permitiu a ocupação indevida de um espaço que, pela própria natureza, estava destinada ao escoamento natural das águas escorridas e acumuladas naquele vale. Tanto os vales como as montanhas foram sendo esculpidos, através de muitos anos, pelas forças das águas e dos ventos que atuam na natureza. Essa força descomunal que chamamos de “natureza” cobra, inapelavelmente e muito caro, pelos erros que cometemos.

Não vamos culpar aqui os atuais administradores da cidade pela ocupação indevida do vale, pois isso vem ocorrendo, através do tempo e remonta ao passado longínquo desde a fundação da cidade. Mas que esse erro ou descuido ocorreu no passado, não temos dúvida.

O que as Administrações atuais e anteriores deveriam ter feito e não fizeram seria um estudo sério e profundo sobre a constituição física do solo no entorno do vale e destinar esse espaço para outras utilizações e nunca para ocupação com casas e residências.

Nunca estamos seguramente preparados para nos prevenirmos contra a força dos elementos meteorológicos, mas, com seriedade e consciência de quem deve cuidar do bem-estar de uma população, podemos minimizar suas conseqüências maléficas e danosas.

Infelizmente todos perderam neste triste episódio: bens materiais destruídos e vidas humanas ceifadas de maneira tão rápida e sem a mínima compaixão.

Aos brasileiros todos que se comoveram em todo o país com a tamanha tragédia que se abateu sobre aquele povo, pedimos sejam solidários e doem alimentos e medicamentos a essa gente sofrida.

Que as autoridades que presidem esse município abram bem os olhos, o coração e a inteligência, e no projeto de reconstrução da cidade, os locais onde as encostas desmoronaram sejam proibidas novas construções de residências.

Narciso de Oliveira
Enviado por Narciso de Oliveira em 30/11/2008
Reeditado em 17/08/2010
Código do texto: T1311817