O que passou, passou...

Andei tanto, fiz estradas, fiz caminhos.

Confesso que da vida não conheço nada, ou quase nada.

Olhei sempre pra frente, esqueci de observar o que estava por perto. Os detalhes, esses nunca vi. Não me permiti parar, observar à minha volta. Eu nem ao menos sonhei, não me deliciei com um fim de tarde, não andei descalço, não joguei conversa fora, nem truco eu aprendi a jogar. Não fui sensível ao canto dos pássaros, à meiguice de um olhar menino, a uma flor, seja ela qual for... Nada disso me encantou.

A minha estrada era reta.

Hoje sei que a estrada é incerta, só sei que caminhei...

O passo dado não tem volta, olhar pra trás é só ter a lembrança, ora boa, ora amarga...

Nada disso tem mais volta, passou, ficou tão somente a saudade.

A estrada por vezes é curta, por vezes o tempo não nos permite caminhar. Ando mais, pensando em viver mais, ou ando lento pra viver melhor. Sei lá de mim, sei lá o que é o amanhã ou se o amanhã virá.

Sei que os dias passaram, passaram noites, as madrugadas também passaram, se frias ou aconchegantes, isso não tem a menor importância agora. Tudo passou.

Simplesmente andei...

Não observei nada, não vi a vida ao meu lado, tudo passou de repente por mim. Passaram-se noites de madrugadas frias, dias de manhãs de calor e tardes de saudades. Minha estrada deve estar perto de acabar, eu acho. Não encontrei ninguém vindo de lá pra cá pra informar quanto tempo me falta. Mas também pra que, deixa pra lá.