A saudade que me dói o corpo

Quando a saudade aperta, tudo segue o movimento. Como se cada órgão espremesse contra o outro, na ilusão que se eu ocupo menos espaço, talvez a falta que você faz nele também diminua. É bem ilógico na verdade, não me faz o menor sentido, mas é a verdade.

O coração dói um pouquinho, como se pequenas agulhas espetassem devagar, e logo encolhe até o tamanho de uma noz pronta para ser quebrada. E todo o resto parece seguir o movimento automaticamente; a garganta aperta em um nó, a boca seca, o estomago revira até as paredes encostarem, tudo se junta sistematicamente, explodindo em um brilho aquoso no olhar. São segundos tão longos que é possível contá-los em anos.

Agarra-se as pontas de um fio invisível, segurando com força para não cair.

Malaguti
Enviado por Malaguti em 02/12/2008
Código do texto: T1314009
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