Decifra-me ou te Devoro

Não tente me conhecer na teoria. Pelos livros, pelos padrões, pelas regras ou exceções. Não falo por entrelinhas se não quero, e quando falo, deixo claro.

Saiba quem sou pelas mal-traçadas linhas que largo em guardanapos e cartas, pelas impensadas palavras que saem da minha boca, e pelo silêncio que a cala. Porque quem eu mostro a você sou eu, nu, livre, sem censura. E isso é muito para mim e dói. Me abrace para aliviar. Não demore.

Não me veja através de filtros, não use seus conhecimentos para me desenhar. Livre-se deles como me livro dos meus pra ficar ao teu lado e te aprender, te estudar e memorizar como fiz com a tabuada, até conseguir dar uma resposta por você como se fosse idéia tua, até entender seus porquês como entendi que a ordem dos fatores não faz diferença alguma.

Não assuma a simplicidade de quem sou, nem me torne mais complexo. Olhe nos meus olhos e me leia, porque assim quero e provoco, e te conto histórias através deles.

Algumas você já perdeu.

Não tente me consertar sem saber onde me quebrei, você corre o risco de apoiar a mão onde está rachado, e os caquinhos novos se misturariam aos antigos, e jamais se emendariam.

Preste mais atenção. Era o que eu estava fazendo, quando saí. E entendi, bastante sem querer, o que você pensava. Que estava errado, por sinal, mas por pura falta de conhecimento. Apertou o peito.

Por isso finjo voar desavisado e ingênuo. Por querer muito que você me decifre, antes que eu termine de te devorar como a um livro que prometia romance e virou conto de costumes.

Voodevilish
Enviado por Voodevilish em 08/12/2008
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