Quando Helena chorou

Helena já não sabia onde procurar por Heitor. Andara toda a tarde em busca dele e nada. Perguntara ao padeiro, que lhe disse: - Foi pela rua de cima e seguiu para lá... Helena correu, correu e não mais viu Heitor. Chegou na farmácia e perguntou à moça do caixa se havia visto Heitor por alí. Nada, disse-lhe a moça do caixa. Depois passou em frente ao bar do Zinho, entrou, e a mulher do Zinho lhe disse: - Veio aqui, bebeu dois copos de cerveja e desceu pela Rua Santo Antonio. Helena desceu pela Rua Santo Antonio e nada de enxergar Heitor.

Cansada, resolveu ir para sua casa. Quem sabe Heitor iria telefonar mais tarde. Iriam ao shopping ou ao boliche, quem sabe. Quem sabe fossem ver a mãe dele na Rua das Rosas? Um banho, pensou Helena. Vou tomar um banho e Heitor chegará logo.

Depois do banho, quem sabe um café. Heitor adora café preto, sem açúcar.

Helena dormiu no sofá. A televisão ficou ligada. A porta da frente sem ser chaveada. O Brutus ficou sem ração. O lixo dentro de casa e Helena sem Heitor.

De manhã, ainda estava escuro quando Helena saiu na varanda da sala e olhou para o céu que logo daria as luzes do sol de uma linda sexta-feira. Iriam ao supermercado. Comprariam vinho e pizza. Iriam rir muito e fazer amor a noite toda.

Às oito horas Helena estava no escritório com pilhas de papel nas mãos. Um chefe mal-humorado pedia relatórios. A colega queixava-se de cólicas. A água acabou. O telefone tocava. Os pés doíam. Helena sentiu-se inútil naquele lugar. Não tinha queixas. Só ouvia as queixas. E nada de Heitor ligar. Compunha-se e seguia trabalhando. Meio-dia. Correndo Helena apanha as marmitas e segue para casa. Heitor adora estrogonofe. Uma saladinha verde e pronto. Depois teríam dez minutos para amar.

A casa estava fechada. Vazia. Heitor não viera. Virá logo mais à noite. Hora de voltar para o escritório. Um bilhete. Helena escreve rapidamente: "Heitor querido, há comida na geladeira, suco e salada. À noite nos veremos. Te amo, beijos, Helena."

Dezoito horas, Helena sai do trabalho e vai até a padaria. - O Heitor passou hoje por aqui? pergunta ao padeiro, que responde: - Não, hoje não só ontem...

Em casa, Helena espera até meia-noite e nada de Heitor chegar. Celular não responde. Em sua casa não pode ligar, a esposa de Heitor pode atender. É problema certo.

Prepara-se para dormir e dorme, pensando em Heitor.

Na manhã seguinte, tudo de novo. Segue para o trabalho e pergunta por Heitor. Ninguém sabe, ninguém viu. Apenas um out-door chama sua atenção: "HELENA NÃO AGÜENTO MAIS VOCÊ, VOU PARTIR. HEITOR"

NENINHA ROCHA
Enviado por NENINHA ROCHA em 03/04/2006
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