A FRAGILIDADE DA VIDA

Quando nos recolhemos aos nossos pensamentos, para tentarmos compreender a vida, sua trajetória, no desenho formado pelos passos da pessoa humana, sentimos em nós, nessa hora, havermos descoberto quão diminutas é a nossa existência, o nosso vivenciar aqui na terra.

A fragilidade da vida humana é tão menor que não há como dimensionar no tempo e no espaço esse fragmento que é a vida. E o mais interessante é que só percebemos isso, quando o sopro que apaga o estado funcional da vida se faz mais forte.

Podemos comparar a vida a uma vela que se acende e com o passar do tempo, vai queimando até atingir o ápice da queima pela chama, na porção gordurosa depositada na base do candelabro. O que essa vela extinguida nos proporcionou? Enquanto queimava, iluminava o ambiente no qual fora acesa, exalava o aroma conforme o que lhe fora adicionado, e por ultimo, desde o inicio e até o seu fim, um filete de fumaça e um pequeno chiado, quando a ultima labareda imerge no resto da substância ali depositada.

Pois assim também o é a nossa vida. Quando essa vem à luz, nasce, libera a labareda que se apagará com a nossa morte. E assim ao se esvair, deixará plantada na mente dos que aqui ficam; seus atos e feitos como exemplo para toda uma geração. Esses feitos podem ser: o amor ou o ódio, a paz ou a guerra, a evolução ou o atraso, o bem ou o mal, a bondade ou a maldade o caos ou a esperança de toda uma geração que perseguirá o ideal de ser feliz e de um mundo menos violento e mais acolhedor, sem distinção de raça, de cor e de credos para todos os inseridos pelo fragmento vida.

Quando nascemos, somos um corpo físico, formado com as características físicas, de certa forma, herdadas de nossos antepassados, ou seja, de nossos pais, avós, tataravôs e à medida que formos crescendo, amadurecendo, vamos adicionando mais ingredientes ao nosso capital social; conhecimento este, absorvido da convivência com os indivíduos e com os quais partilhamos o nosso habitat.

O corpo não visível, self, a alma, o nosso nós espiritual; cabe a nós e, somente a nós mesmos desenvolve-lo. E este sim, depende das boas práticas para o seu aprimoramento. Depende de como vivermos a nossa vida, do como caminhar nas trilhas da nossa existência e até mesmo de como enxergamos o caminhar dos outros, sem interferência desastrosa, nas veredas ou estradas pelas quais caminham esses outros. Precisamos ver a vida como um foco livre, sem anteparos e nunca um foco truncado, sem alcance e sem a preciosa liberdade.

A estrutura do nosso corpo espiritual depende muito da formação básica do nosso corpo físico. Por isso a contemplação da vida no seu dia a dia, em suas menores ou maiores coisas, com maiores ou menores graus de importância, vão se constituindo com o passar dos tempos, em paredes de puros diamantes, indestrutíveis pelas correntezas da vida, em caso contrário, formarão apenas anteparos de puro lodo, sem nenhuma fundação de sustentabilidade para essa vida.

Mediante toda essa complexidade da vida, resta a nós pobres humanos, cavoucar além do ponto máximo na qualidade de vida, que pudermos atingir e vivermos intensamente os momentos, entre o tempo e o espaço cavoucado.

O homem deverá ser a chama de sua própria luz, deverá conduzi-la com recato por toda sua caminhada, contudo, não terá jamais o controle do sopro que exterminará a chama, que alumia o seu fragmento vida. Só a Ele cabe esse momento único na vida do homem.

Rio, 12 de dezembro de 2008

Feitosa dos Santos