SUS: Sistema Único do Sarcasmo (II)
"Mulatos fungando, mães agonizando.
No chão inóspito de uma
fila de espera interminável.
Na luta por um bem inalcançável.
Lá estava Maneco e João,
grudados ao peito murcho da tia,
como o cão que assim na cadela fazia.
Hora rendidos à imundice do piso sem lajotas.
Hora espremidos nos bancos duros, feito idiotas.
O doutor, todo branquela e
sapato lustroso que ele só.
Os pobres diabinhos com as chinelas
gastas que davam dó.
Maneco brincava, João chorava
e a tia sentava, se não, levantava.
A mãe, em seu leito de morte ruminava.
O médico aparecia e nada adiantava.
O fim da estória se dá pelo seguinte:
Os quatro com uma bruta infecção hospitalar,
na fila de espera...
onde ser atendido é sonhar...”