O Vazio da bienal e da justiça

A discussão em torno da bienal e de seu espaço vazio ganhou ares “policialesco” com a prisão da jovem Carolina da Mota após pichação.

Diminuem sensivelmente uma discussão “artística” por outra de cunho legal. A discussão, no entanto, do vazio, do nada ao lugar nenhum, teve alguns momentos de análises dos mais interessantes, ao discutir em vez da não utilização do espaço em si e sim do vazio como arte. A pichação em si é algo condenável, inaceitável, mesmo como forma de protesto, porém a prisão da menina Carolina da Mota, que se estende por 52 dias, trás à baila a eficiência da justiça nestes casos.

O que se insere nesta discussão “artístico-legal” é a desproporção entre o ato – a pichação – e os dias de encarceramento da jovem e a necessidade da prisão.

O senso de justiça da sociedade repele algumas atitudes, pois enquanto Daniel Dantas, Paulo Maluf, o promotor Igor Ferreira (foragido) e Tales (inocentado por legitima defesa aos disparar 12 disparos num lual e matar um) estão livres, leves e soltos.

A desproporcionalidade entra a pichação e o excesso legal – a prisão e tempo decorrido – não são deglutidos pela sociedade, principalmente, sabendo que vivemos num país desigual e injusto, que só vão presos, pretos, pobres e congêneres.

O que o vazio da bienal trouxe a tona foi resultados extrapolados da justiça contra uma garota que pichou um espaço público, mas que esta presa há 52 dias colocando de novo em questão e a certeza inequívoca de que nossa justiça é injusta e pra poucos.