PRESENTES

Estamos chegando rapidamente às festas de final de ano. O ano velho dá lugar ao novo e com ele surge a expectativa de muitas melhorias. É como se fosse um período renovador. Ficamos preocupados e ansiosos para presentear as pessoas que amamos família e amigos. Mas que presente será o ideal para minha mãe, meu pai, meu irmão, meus amigos? Do que eles realmente precisam? Talvez minha mãe precise de um novo casaco, um sapato. Meu pai, um novo chapéu, minha irmã, um CD da banda de roque que ela mais gosta. E meus amigos? O que posso oferecer a eles. Dúvidas e dúvidas. Enquanto isso esquecemos que os presentes materiais não deveriam ser prioridades e nem a preocupação com as festas de final de ano.

Quantas vezes sua mãe fez um novo tipo de comida, colocou o prato na sua frente orgulhosa e recebeu um elogio. Quando você mostrou satisfação com o novo alimento, você a presenteou. Quantas vezes seu pai falou sobre você com amigos e parentes. Do quanto você era, é, especial. Ambos foram presenteados. Quantas vezes você, ficou triste e solitário e sempre vinha um amigo para ficar ao seu lado. Mais um presente mútuo. E a pessoa especial que você ama, além de dizer o quanto significa na sua vida, quantas vezes você fez com que ela realmente se sentisse importante. Mais um presente mútuo. Então, se você contar todas as vezes que deu valor as pessoas, que se sentiu valorizado por elas, foram ocasiões de presentes mútuos. Todas essas reflexões me ocorreram hoje porque um amigo querido, escritor Lenine de Carvalho, que em duas semanas me deu muitos presentes. Enviou-me poesias, livros, histórias de amor, lições de vida proporcionada por seus animais. Compartilhou comigo o amor por sua esposa, me mostrando a beleza e o companheirismo que não diminui com o passar dos anos. Mas olhando com clareza percebo que também tenho recebido muitos outros presentes de todas as direções. Recebo respeito, compreensão, companheirismo, elogios, recomendações, preocupações. Sou privilegiada, assim como você. Talvez, acostumados ao material imediato, não percebamos as dádivas que recebemos. Eu lembro o presente mais lindo que ganhei até hoje. Foi uma bola. Era um natal triste. Meu pai doente. As crianças, minhas vizinhas contentes por receberem presentes, muitos e eu ali, sem nenhum. Meu pai e minha mãe conversaram e meu pai foi caminhando passo a passo até o supermercado e voltou me trazendo uma bola. Eles tinham pouco dinheiro, mas mesmo assim era importante para eles que eu estivesse feliz. Quando meu pai me deu a bola, o mundo se abriu aos meus olhos, um momento de muita felicidade. Esse mês fará oito anos que meu pai morreu e no próximo mês fará 16 anos da morte da minha mãe. Na época da morte de ambos me senti triste e sozinha, eu uma filha única, mas a natureza é perfeita. Recebi o maior regalo de todos, o amor e carinho de todos os meus amigos, pois jamais permitiram que eu estivesse só. O verdadeiro presente é aquele que vem do nosso coração e é isso que podemos ofertar com sinceridade há todas as pessoas que amamos.

Fátima Pacheco
Enviado por Fátima Pacheco em 15/12/2008
Código do texto: T1337386
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