Coisas de Simone ...

Tinha uma festa para ir. Duas festas em uma. Duas irmãs uma formanda a outra aniversariante. Uma morena e a outra loira. A aniversariante advogada, a formanda médica. Coisa bonita. Festa de categoria. E como toda a festa, principalmente quando é de formatura nos leva a fazer muitos preparativos.

Sabe como é né? O que vestir como usar o cabelo, fazer ou não o retoque das mechas, pé e mão no mesmo dia para não estragar, depilação em dia caso o vestido seja traiçoeiro. Comprar a base favorita (aquela que mascara uma cara cansada e cheia de olheiras), o calçado de salto alto, mas não alto a ponto de ser desconfortável. E ele tem que combinar com o vestido e com a cor do esmalte que vai ao pé... Qual cor de esmalte ficaria melhor com aquela sandália bronze?

Depois tem o filho, nove anos. Queria fazer bonito, o menino é vaidoso, sem contar que é o xodó da aniversariante. Ele é cheio de gostos e manias. A bermuda tem que cobrir o joelho e a camisa não pode mostrar muito o peito, a manga abaixo do cotovelo... Que menino mais cheio de mimo! O jeito é sair e ver se encontra algo que ele goste de usar!

A manhã começa agitada, falta água bem na hora de enxaguar o cabelo. A cachorra (filhotona boxer) rasgou o jornal bem na página de esportes, que é a minha preferida ( pela enésima vez este mês). Mas nada vai atrapalhar este dia (pensei), afinal de contas tinha uma festa logo mais!

Como sou mulher de não deixar nada para depois já estava tudo acertado. Mão e pé marcados. Roupa do garoto decidida, presentes comprados etc. O marido nem precisa se preocupar, ele é antenadíssimo no quesito se vestir, e se bobear ainda fica o mais elegante da festa( modéstia a parte eu sei escolher o homem certo) ! rsrsrs Então era hora de relaxar, lendo meus colegas do recanto! Estava muito empolgada lendo o recanto, conversando no MSN com duas amigas. Quando ouvi o barulho da cadeira na varanda nem dei bola. Às vezes a Mauá (cachorra linguicinha), aquela que me salvou um dia do rato lembram (O Camundongo no meu sofá)? Gosta muito de dormir na cadeira. Na maioria das vezes não deixo, é bom não acostumarem afinal são três cachorros e um gato. Imagina se todos resolvem dormir na varanda. Mas como estava empolgada fofocando nem dei bola. Deixa ela... Pobrezinha eu pensei!

Mas não era a Mauá era a Luci, a filhotona de boxer. A luci é linda, tem cinco meses. Parece um coelho gigante, sempre correndo no meio do jardim. Mas assim como é linda é arteira demais. Nada é obstáculo para ela desde a comer o jornal pela manha até derrubar todas as flores de minha varanda.

Acontece que o alvo da Luci naquele momento não eram as flores e nem a ração do Bartolomeu (meu gato). Era na verdade uma dúzia de ovos que estavam em cima da mesa (dentro da caixinha ainda) esperando para se transformarem em um gostoso pudim de leite! A Luci subiu na cadeira e pôs todos a baixo. E comeu todos! Comeu, espalhou pela varanda gemas, cascas e trouxe assim um séqüito de moscas com esta façanha. Eu nem vi nada... Só depois é que me avisaram. Depois que a Luci estava estourando de tanto comer ovos e a varanda estar cheirando a omelete mal cozido!

Lá vou eu... Peguei a Luci pelo cangote e trouxe até a cena do crime. Numa série de perguntas como: Quem fez isto Luci? E de esfregadelas de focinho marrom sobre as cascas de ovos, sempre repetindo a pergunta. Ela deu a cartada final, envergonhada ou com medo da torturadora entregou o serviço fazendo xixi em mim! Pois é agora além de lavar toda a área eu ainda teria que tomar banho!!

Comecei pela varanda é claro, o meu banho ficaria para depois. Detesto usar balde para lavar, gosto mesmo de mangueira, muita a água e desinfetante. Antes que vocês digam que eu estava gastando água à toa, saibam que cheiro de ovo é uma coisa insuportável, então não adianta paninhos molhados, o eficiente mesmo são boas esfregadas com a vassoura. Mas tamanha era minha impaciência, e raiva por ter que limpar aquela bagunça toda que fiquei muito estabanada; e como não podia ser diferente comigo, acabei caindo um tombão bem no cantinho da escada. Torci a perna e fiquei com um roxão. Agora não adiantava estar com a depilação em dia, já que teria que maquiar a perna também! Mas tudo bem, respirando firme e contando até dez, recuperei a serenidade e passei a esfregar mais calmamente (como deveria ter feito desde o inicio). Tudo limpinho, lavado e enxugado, vamos ao banho. Correu tudo bem, não faltou luz e nem água, e nem mesmo um tropeção no cestinho de roupa suja que havia esquecido bem no meio do banheiro (este eu vi a tempo e desviei).

Depois do banho fui estender a toalha para secar. O varal é embaixo da parreira. Ótimo, pois apesar de ser na sombra é um lugar onde sempre tem um ventinho, então a roupa seca muito rapidamente. O único problema é que tem formigas. Destas pretas e grandes. Elas ficam passeando pela parreira, pelo varal e até pela roupa. Há uns cinco dias atrás quando fui recolher a roupa, uma delas me picou! O que tem uma picadinha de formiga? Nada... Se a pessoa não for alérgica! Mas eu sou!! Então uma formiguinha me deixou com um edema de dez centímetros. Muita coceira, dormência nos dedos e febre. Tive que ir a dois hospitais e não consegui ser atendida, já que eles não tratavam de picadas de insetos! Acabei sendo atendida na quarta tentativa. Um antialérgico e compressas de uma solução gelada. Seis dias de inchaço e coceira até tudo acalmar.

Imagina que, quando fui estender a toalha uma formiga daquelas me picou?? No braço? Logo na dobrinha da axila? E-o-meu-vestido-era-tomara-que-caia????? E eu ia ficar com um edema enorme bem no dia em que ia usar o meu vestido-tomara-que-caia? A-cre-di-ta?

De jeito nenhum, larguei tudo ali mesmo, corri para a caixinha de remédios e tomei o antialérgico. Corri para a geladeira e fiz uma compressa gelada sobre a picada!! Depois corri para o quarto e acendi uma vela para a Nossa Senhora da Saúde! Implorando a ela que não fizesse inchar, que não fizesse coçar... Meu marido que estava tirando um cochilo acordou sobressaltado com o rebuliço que eu estava fazendo no quarto. Tratou de me acalmar, sem antes é claro tirar uma onda com a minha cara! Mas depois foi solidário, fez uma atadura com a compressa. Desconfio que ele não quisesse mesmo era ter que ir atrás de atendimento, e muito menos de ir comigo a festa toda inchada!!

Depois de tudo isto. Chegando a hora da festa, fui vestir o Henrique. A-di-vi-nha??? A calça não serviu, pois é ficou pequena! Pequena! Dá para crer nisto?

Pois é... O garoto vendo que eu já estava chateada, depois de tudo que vinha acontecendo no decorrer do dia, colocou ela bem para baixo e jogou uma camisa por cima!Estilo skaitista (ele detesta).

Deu um sorriso dourado e disse: -Olha só mãe, ficou legal. Não te preocupa!

Ai. Ai... Coisas de Simone!