É Natal e Ano Novo de novo

Chegamos ao final de mais um ano. Mais um ano? Quem disse? Isso é pura crendice. Onde está o marco zero absoluto, resoluto? Alguém em algum lugar em alguma época determinou que seria a partir de então o início de uma contagem que mais parece chantagem com o tempo que indiferente passa pela gente dando de ombros. Sei lá. É tudo tão relativo tanto para o ativo quanto para o inativo temporal. Um dia tudo passa; ou mesmo até em um ano tudo certamente passará. Oh meu Deus quanta conversa jogada fora sem direito à reciclagem!

Um desperdício é a vida vivida como se viver fosse comer os dias em nacos sem mastigar o necessário para assimilar o que alimenta a esperança de saber a verdade. Aquela que ninguém ainda disse. Se é que a verdade seja algo que se possa dizer; ou até mesmo escrever, antever, prescrever... etc, etc, etc...

Um tom nostálgico reina por esses dias do fim... do fim de mais um “ano” esse mesmo das calendas, das nonas e dos idos em meses mesclados com a ironia das interrupções de qualquer “vida” . Ali se encerra o ano. Ali o que se comemora? Ora, quem sabe?

Se orar é ligar-se a algo, todo santo dia oro ao algo que sem rodeios desconheço e se mereço, tem-me ao apreço apesar dos tropeços que sem saber ensaiei tão bem.

Meu maior bem é não pensar mas conscientizar. Isso basta-me.

Qual presente que eu gostaria de ganhar? Um vaso. Vazio. Apenas o vaso. Olharia sem emoção para ele o silêncio do vazio; tentaria penetrar na plenitude sem fim que se esconde por entre átomos.

Quais serão minhas chances? Tudo bem. A ceia vai estar pronta e eu me apronto. É Natal e Ano Novo de novo.