Apenas a Verdade

Rasguei o último poema. Portou-se mal comigo. Faltou-me ao respeito e queria falar demais. Exagerar. Fugiu-me dos dedos. Que atrevimento. Falar de mim como se eu fosse uma espécie de heroína destemida a voar por cima do mundo num cavalo alado lutando contra bandos de avestruzes enfurecidas e pragas abraâmicas de gafanhotos. Como se tivesse mais força que o céu e o mar juntos. Um chorrilho de mentiras, hipérboles e traquibérnias. Pura filáucia ibérica.
Fugiu-me dos dedos mas não das mãos: rasguei tudo num fiaço!
O que seria sensato dizer é que os dias de Primavera, lobeiros e longos me sabem bem por tua causa
AnaMarques
Enviado por AnaMarques em 20/12/2008
Reeditado em 12/01/2009
Código do texto: T1345119
Classificação de conteúdo: seguro