O menino Jesus

Todo mundo fala que a gente não pode ver um anjo ou que este não existe de verdade. Mas hoje eu vi um anjinho lindo. Ele tinha os olhos castanhos, cabelos dourados e pele clara. Tinha um sorriso discreto que só mostrava raramente. O sorriso era iluminado, porém triste. Ele suplicava amor, mesmo sem saber falar, mas seu olhar revelava tudo. Senti algo inexplicável ao vê-lo pela primeira vez, era como se já nos conhecêssemos há muito tempo. Ele também gostou de mim. E eu nem lhe dei um doce, apenas olhei-o com amor, sorri para ele e estendi os braços. E ele veio.

O anjinho sentou-se no meu colo e me fitava ingenuamente como se perguntasse quem eu era. Depois desse ligeiro momento, que mais pareceu uma eternidade de tão belo, ele sorriu para mim. Foi o único sorriso durante todo o encontro. Toda a dor que estava trancafiada na minha alma nesse instante parecia ter cessado e eu me sentia tomada de uma doce paz. Eu o abracei. O abracei fortemente. Em seguida levantei do batente de onde estava sentada e o coloquei no chão. Ele saiu correndo com suas perninhas “cambotas” e quando percebeu que eu ia embora, veio até o portão e ficou me olhando intensamente. Seus lindos olhos castanhos gritavam para mim e eu sentia meu coração despedaçado por não poder levá-lo comigo. Eu fui embora e ele continuou olhando-me.

Eu não sei explicar tal sentimento. Só sei afirmar com toda certeza que eu vi Jesus hoje. E ele tinha outro nome e ele se apresentou para mim na forma de um menino desprezado pela vida. Jesus se apresentou para mim com o nome de um bebê de um ano e cinco meses chamado Marcos Antônio. Se este dia fosse o último dia de minha vida terrena e por minha gama de pecados não chegasse a um plano maior, já estaria satisfeita por hoje, só por hoje, porque neste dia eu vi o menino Jesus.

Joseane Cavalcanti
Enviado por Joseane Cavalcanti em 22/12/2008
Reeditado em 14/09/2010
Código do texto: T1348143
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