Historieta da 1ª República Portuguesa ( à minha maneira) - Parte VIII

Na madrugada do dia 14 de Maio de 1915 rebentou em Lisboa uma revolução contra o Governo ditatorial de Pimenta de Castro.
Foi uma acção dirigida por uma Junta da qual faziam parte oficiais e civis afectos ao Partido Democrático: os Comandantes Leote do Rego e Freitas Ribeiro; os Majores Norton de Matos e Sá Cardoso; o Capitão Álvaro de Castro e o Engenheiro António Maria da Silva.
A revolta fora bem preparada com a ajuda da população civil que foi buscar armas ao Arsenal do Exército.
A parte mais activa do movimento foi a Marinha. A resistência do Governo fez-se do Quartel do Carmo onde o General Pimenta de Castro foi preso e depois conduzido para bordo do Vasco da Gama, cujos marinheiros o cobriram de enxovalhos.
Foi uma revolução semelhante à do 5 de Outubro no que diz respeito às forças rebeldes envolvidas. Os mortos também neste caso foram quase todos civis, embora em maior número.
A curiosa diferença é que desta vez Machado Santos, o Herói da Rotunda, estava do lado do regime.
Acabou por ter o mesmo destino de exílio que o ditador: Ponta Delgada. Mas por ironia e talvez por vingança, a embarcação onde viajou chamava-se 5 de Outubro. Tal facto não deve ter diminuído o seu azedume para com os políticos...
Manuel de Arriaga sem outra saída após o afastamento do seu velho amigo, apresenta a
sua renúncia, dizendo estar ainda disposto ao sacrifício de ficar a bem da nação se fizessem muita questão. Ninguém fez.
Teófilo Braga completaria os três meses que restavam para completar o mandato presidencial.
A Junta decide entregar o Governo a João Chagas, entretanto regressado de Paris.
Este, no dia 16 de Março embarca no Comboio no Porto com destino a Lisboa.
No Entroncamento entra na locomotiva o conhecido senador esquizofrénico João de Freitas. Procurava Afonso Costa de pistola na mão. Não o encontrando achou por bem disparar quatro tiros contra o recém nomeado chefe do Governo que escapa por um triz com vida e sem um olho.
Os Democráticos tentam novamente um Governo de concentração de todos os partidos mas Brito Camacho e António José de Almeida rejeitam integrar o executivo.
O Dr. José de Castro que estava indicado para a Instrução acaba por assumir a presidência do Governo. Ainda assim integram-no dois ministros Unionistas e um Evolucionista.
No dia 13 de Junho efectuaram-se as eleições, conforme estava determinado.
Ganhou o partido Democrático o que viria a acontecer até ao fim da democracia.
O problema que se colocava a todos era o de Portugal perante a 1ª Guerra Mundial.
Afonso Costa apesar da confortável maioria não queria formar Governo partidário.
Andava em busca da “Sagrada União”.
Talvez por estar distraído, com o pensamento nos altos desígnios da nação caiu do eléctrico abaixo ficando entre a vida e a morte.
E agora, quem manteria Portugal unido e coeso de modo a sobreviver à Grande Guerra?


AnaMarques
Enviado por AnaMarques em 29/12/2008
Reeditado em 27/03/2009
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