Verdade ou mentira?
Vincent Benecito


Um dos assuntos que não gosto de escrever, nem discutir – acho que é muito pessoal – é religião. Porém, gosto de me manter informado a respeito de tudo – ou pelo menos de quase tudo – e lendo uma reportagem internacional (de Deborah Zabarenko no Reuters) de WASHINGTON, um tema me chamou a atenção.
Um documento copiado de um manuscrito original em grego, por volta do ano 300, descoberto nos anos 70 perto de Minya, Egito, um volume – que inclui o evangelho e outros documentos – foi vendido para um egípcio – negociante de antiguidades – em 1978. (Trata-se do evangelho de Judas Iscariotes)
O negociante tentou revendê-lo, mas não encontrou comprador. Na esperança de que um dia aquilo tivesse um valor expressivo, acabou depositando num banco em Hicksville, Nova York, onde o documento permaneceu por 16 anos, em um ambiente até prejudicial para à sua conservação. 
A publicação do documento, prevista para abril, já causa polêmicas.

“Nas imagens divulgadas na entrevista coletiva – o papiro – parece-se com as folhas que caem das árvores no outono, o documento tinha se esfacelado em mais de mil pedaços. Em 2001, a Fundação Maecenas para a Arte Antiga, na Suíça, deu início a esforços para transcrever e traduzir o volume do copta. Análises científicas mostraram que o documento havia sido copiado por volta do ano 300. Judas Iscariotes, vilipendiado como o traidor de Cristo, agiu a pedido de Jesus ao entregá-lo para as autoridades que o crucificariam, revelou a cópia de 1.700 anos de idade do "Evangelho de Judas" divulgada na quinta-feira 06/04/2006. Apresentando uma versão alternativa aos tradicionais ensinamentos do cristianismo, o Evangelho de Judas mostra o execrado discípulo como o único do círculo íntimo de Jesus, que compreendeu o desejo dele de livrar-se de seu corpo carnal”.

"Nesse retrato, ele é o mocinho", afirmou Bart Ehrman, um professor de religião da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill. "Ele é o único apóstolo que entende Jesus.” A introdução do Evangelho de Judas diz que o texto é "o relato secreto sobre a revelação do que Jesus conversou com Judas Iscariotes". Mais à frente, o texto apresenta a seguinte declaração de Jesus para Judas: "Você vai superar todos os outros (discípulos) porque você vai sacrificar o homem que me veste".

"A idéia nesse evangelho, é de que Jesus, como todos nós, é um espírito preso, um espírito preso em um corpo material", afirmou Ehrman. "A salvação acontece quando escapamos da materialidade de nossa existência, e Judas é o que torna possível para ele escapar, ao permitir que o corpo dele seja morto”.

O reverendo Donald Senior, presidente da União Teológica Católica em Chicago, disse que o documento revelava a diversidade e a vitalidade do cristianismo em seus primórdios.

"Surge a questão: essa tradição, essa, por assim dizer, história alternativa do evangelho de Judas possui uma pretensão que em certo sentido é semelhante à pretensão divergente do evangelho tradicional?", perguntou Senior.

Não se sabe quem escreveu o evangelho de Judas. A cópia revelada na quinta-feira é de um documento mencionado de forma crítica em um tratado do ano 180 intitulado "Contra Heresias" e escrito por Irenaeus, bispo de Lyon, então parte da Gália romana.
O texto criticava aqueles cujas opiniões eram contrárias à da Igreja cristã dominante.

No Novo Testamento, Judas é apresentado como um traidor nato, que aceita 30 peças de prata para trair Jesus, identificando-o diante de soldados romanos. O Evangelho de São Mateus, que consta da Bíblia, diz que Judas arrependeu-se rapidamente da traição, devolveu as moedas e enforcou-se.
O Novo Testamento contém quatro Evangelhos – os de Mateus, Marcos, Lucas e João – mas muitos evangelhos apócrifos, foram escritos nos primeiros séculos depois da morte de Cristo e atribuídos a discípulos como Tomé e Felipe ou à seguidora de Jesus, Maria Madalena. 

Eu particularmente, nunca tinha ouvido, nem lido nada a respeito do evangelho de Judas. E como vimos no texto acima, Judas sai da condição de traidor para a de um discípulo obediente de Cristo. Surge agora uma dúvida! Será verdade o conteúdo deste documento? E os outros evangelhos considerados apócrifos, duvidosos, porque não foram aceitos pelas igrejas cristãs? 

Por outro lado, na literatura pode ocorrer à mesma coisa! Muitas histórias que conhecemos – defendemos teses na faculdade sobre as mesmas – podem ser simplesmente uma história contada por um escritor, descrevendo uma de suas fantasias e depois de séculos, a mesma transforma-se numa verdade absoluta. 

Na questão (religião), depois de analisar algumas, cheguei a seguinte conclusão: Jesus Cristo é considerado até os dias de hoje, o maior líder do mundo. Sua passagem pela terra, em qualquer manuscrito – seja ele considerado autêntico ou não – inegavelmente fala sobre o amor. Em tudo que se lê a respeito de Jesus Cristo, não vemos condenação nem discriminação. Para ele (Jesus Cristo) todos eram iguais. A prostituta – que a lei da época feita por Moises, mandava apedreja-la até a morte – foi flagrada no ato praticando o adultério; e levada ao mestre para ser julgada, este, simplesmente ignorou a lei, e além de não condena-la, ainda escreveu na areia os erros dos seus acusadores. 
Outro exemplo, é o ladrão que junto dele foi crucificado e arrependendo-se dos seus atos, pediu-lhe perdão e teve como promessa o paraíso. 

Atitudes como estas, somente seriam possíveis pelo filho do ser divino, Deus. Sendo assim, optei pela religião de Jesus Cristo. O amor! Não preciso levar o dizimo a ninguém – até porque duvido que Deus precise do meu dinheiro – não preciso discutir quem está certo ou errado, nem apontar erros desse ou daquele. 

Existe uma frase de minha autoria que diz o seguinte: Às vezes por não saber escolher, paga-se um preço alto. Porque não escolher o amor? É lindo e não tem preço.

Vincent Benedicto
Enviado por Vincent Benedicto em 09/04/2006
Reeditado em 12/04/2006
Código do texto: T136136