ANO NOVO?

Parece incrível, mas já estamos no terceiro dia do ano, o primeiro final de semana de 2009. O tempo é realmente inexorável.

Entre o final do ano passado e o começo deste, agi de forma diferente. Não fiz nenhum balanço do que vivenciei, do que pensei, dos planos que fiz e nem almejei ou sonhei nada novo. Nem planos fiz novamente... Pra quê? Em nada se diferencia a sequência natural das coisas. Sonhar? A gente sonha todos os dias com igual intensidade. Nada muda. Os dias continuam amanhecendo, entardecendo e anoitecendo. O mesmo acontece comigo, só que eu amanheço esperança, entardeço saudade e anoiteço nostalgia.

Sinto minha vida se esvaindo lentamente, sem pressa de chegar a algum lugar determinado. Tudo o que fiz até hoje se justifica. Colhi benfeitorias, amizades, bons momentos... Mas também sofri, chorei, me lamentei por metas que não alcancei, por sonhos irrealizados, por ilusões perdidas. Ah! Encontrei o amor! É, o amor me pegou pra valer. Não sei se tarde ou cedo demais para se manifestar, mas ele está aí, vibrante e cheio de expectativas como sempre. O amor é assim, mesmo que não se queira ele abre um leque de desejos que vão tomando forma num crescendo incontrolável. E sofre-se! E como! Sofrimento de angústia pela ausência, pela incerteza, pelo desejo não satisfeito e até mesmo pela busca do impossível. É impressionante como o ser humano se aventura sempre nessa procura, que sabemos, insensata. Mas continuamos buscando. É a bendita esperança que se recusa realmente a fenecer. E ela brilha como luz no fim do túnel, mesmo que seja uma luz fraca, bruxuleante e bem distante, mas que insiste em brilhar para que tenhamos força para ir em frente. Eu ainda a vislumbro, distorcida em figuras fantasmagóricas, tecendo suas teias como a aprisionarem-me nessa caverna que parece não ter fim. E lá vou eu, como um espectro, disfarçando a tristeza com um sorriso no rosto, fazendo a alegria das pessoas que me rodeiam como se fosse um palhaço de picadeiro.

Sônia Maria Grillo

(B@by®)

03.01.2009

Vitória-ES