Era uma Vez...

Em uma manhã perdida, bem no alto de uma rua, descia um menino, cabisbaixo, ele olhava para dentro de seu próprio umbigo, acreditava que a vida era uma bolinha de sabão, pois desenhava no rosto a sua própria desilusão. Em uma de suas descidas o menino correu, ia atrás de uma bola que um amigo chutou, nos seus pés haviam marcas de um destino que ele nunca desenhou. Pena que na sua terra, esse menino vivia desse jeito, cabisbaixo em cima de um sonho, achando que sua liberdade era adquirida em um campo. Lá se vai à bola de novo, como sendo a sua única melodia, que canta em seus pés o destino de sua vida, ele olha ao longe, bem ao horizonte vê uma praia perdida em seus sonhos, não lhe faltava mais nada. O futebol acaba, e o menino se vai, certo de nada para a casa de seus pais, chegando lá no fogão algumas panelas vazias. Insatisfeita uma barriga grita. Seu corpo se contorce com suas entranhas, mais uma noite sem janta, os olhos ele vai fechar. A manhã chega, seu café é a mesa que ele procura um pedaço, seu prato mais raso que um pano surrado, que ele vai limpar seu passado, que insiste em cantar, pega alguns copos em sua cama, cercada de pregos,infeliz ele pega seu par de chinelos e vai estudar, em cada canto da esquina de sua rua, ao longe, vê alguns cegos, que só enxergam uma vida que esse menino não vê, com seus livros velhos ele vai para escola perdido em seu andar a vida vai indo embora. Chega à escola, alguns professores ausentes, inocentes, pois são responsáveis pela educação, escrevem no quadro palavras de um mesmo palavrão,o menino atento, tenta aprender, as palavras se misturam mais nada ele pode fazer, desce para o intervalo mais uma vez perdido no seu próprio andar, volta para sua sala, a aula não muda, continua onde esta, o menino dorme na carteira e é levado para seu mundo para sonhar, o sinal bate, com ele a fome do menino, aflito ele vai almoçar, uma fila o espera na certeza ele aguarda que sua vez vai chegar, pega um prato, da bom dia para mais uma de suas tias, ela conhece a vida do menino e coloca mais uma concha na sua vida.Ele senta, almoça, ao terminar vai para sua casa, ao subir, os mesmos cegos, que agora nervosos olham. Uma carroça chega, com ela alguns cavalos blindados, o menino corre agora certo de seus passos, olha para seu coração e vê uma bola de sangue em seu peito de presságios,vendo a marca ele cai,olha para o chão, seu coração adormece, seus braços percebem a vida indo para seus sonhos...