VIOLÊNCIA, ISSO TEM QUE ACABAR

Ultimamente ando enfurnado em uma sala na Argentina ou em salas de aeroportos. Sou um andarilho por força do trabalho e um andarilho por força do instinto e profissão. Em dezembro findo dei uma corrida até Sampa para beijar a mulher amada e uma corrida até o Rio para ver como anda meu patrimônio. Aparentemente tudo está bem. Bem? Bem uma merda!

A violência no Rio precisa acabar. A do Brasil precisa acabar. A do mundo precisa acabar. Utopia? Pode ser, mas desejo, me esforço, luto (lutar pela paz parece absurdo) por um mundo melhor.

A violência enfeia a tudo. Meu Rio de Janeiro que o diga. Era tudo lindo: paisagens, mar, mulheres. Tudo absolutamente lindo, destruído pela violência.

Como caminhar pelas ruas? Não se sabe se você vai voltar. Não pode deixar seu filho sair; há toque de recolher. Não pode azarar na janela, exceto se for à prova de balas. Tem que andar de colete e nego te mete um tiro na cabeça. Não pode passar pelas ruas, tem que respeitar as linhas. Que porra de linhas? Que merda é essa que estão fazendo com a minha cidade, meu estado, meu país? Quem toma conta dessa baderna? Como o poder paralelo pode ter tanta força, tanto dinheiro, tantas armas em meio a tantos outros, honestos, trabalhadores e circunstanciais dessa cidade?

Você não pode trabalhar, não pode se divertir, não pode sair para respirar, não pode, não pode, não pode.

Me recuso a ficar preso dentro do meu apartamento. Posso morrer lá dentro; de enfarte, de dor de barriga ou levar outro balaço. Vou para a rua. Vou andar na minha Harley-Davidson-Electra Glide Classic. Vou sair com meu carro importado. Trabalhei pra cacete pra ter o que eu tenho e se tiver que morrer, vou morrer em campo. Vou morrer onde morrem os homens: no meio da arena. No campo de batalha. Não tenho mais mãe para me esconder em suas saias. Não tenho mais pai para me aconselhar. Mas quero ter o melhor e quero ir para a rua. Quero sair com as garotas, ficar bêbado na madrugada, morrer de vomitar nas calçadas do Leblon, Tijuca, Niterói. Quero puxar um samba na Lapa. Andar de trem. Morrer de frio e de rir em Petrópolis. Andar de lancha em Angra. Simplesmente ficar torrando ao sol em Ipanema, Copacabana. Quero azarar as meninas e voltar para casa cansado, feliz e inteiro.

Aqui também existe uma Faixa de Gaza, só que com outros nomes. Zona Sul, Leste, Oeste e Norte, que sejam apenas zonas geográficas e que a zona acabe. Menos a Zona do meretrício, necessária, obviamente.

RRenee
Enviado por RRenee em 08/01/2009
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