Menobras

 
Feliz daquele que, tendo sido bom filho foi bom pai e, hoje pode curtir a velhice amparada pelos filhos e acariciados pelos netos, sem precisar recorrer à Justiça para ser sustentado pelos dependentes que criou, ou viver abandonado em um asilo.
Digo isso com saudades dos bons tempos. Daqueles em que a professora era a segunda mãe, os idosos eram respeitados e as crianças educadas, respeitavam a todos. A família era mais que um grupo de pessoas com o mesmo sobrenome. Eram pessoas que tinham uma história de vida comum que podia ser lida nas paredes, móveis, nas árvores do quintal, nas relações de parentesco, no orgulho de pertencerem àquela família. Aí inventou-se de legislar sobre como deveriam ser as relações familiares, como se pudessem reduzir o comportamento humano a um único padrão. Samba de uma nota só !
Esta aí a desafiar os novos tempos, o Estatuto da Criança e do Adolescente. Esmiuçado os direitos garantidos pela Constituição “cidadã” de 1988, o ECA oficializou os menores de rua e os seus prepostos -instituições e pessoas que vivem mamando as verbas oficiais e doações, em dólares de entidades internacionais, a bem da verdade, instituições e pessoas sérias envolvidas com a questão dos menores de rua. Mas a julgar pela proliferação dos guetos onde tais menores se escondem, se acasalam e se marginalizam, as seriedades dos protetores não é proporcional aos recursos dispendidos.
Não me lembro de nenhuma tese sobre o valor terapêutico de vara de marmelo, mas, reconhecidamente, “pé de galinha, não mata pinto”. Todo e qualquer ser humano, principalmente as crianças, devem ter limites estabelecidos para que possam explorar suas potencialidades. Ninguém é totalmente livre. Viver em sociedade significa abrir mão de certas vontades pessoais em nome do bem comum.
A política para o menor de rua é hipócrita e preconceituosa. A lei só fez crescer o mal que pretendia erradicar. Os menores vão para as ruas, à revelia de seus pais, porque são donos de suas vidas. O respeito conseguido pelo amor ou pela correção acabou. Triste destino o destas crianças. Se, nas ruas, tornam-se bandidos; nas instituições de recolhimento, fazem pós-graduação. Não sendo filhos, não serão pais. Triste o destino deste Pais. Privatizemos os menores de rua, antes que a “Menorbrás” corroa a base moral da nação.
Dêem aos pais, condições para educarem seus filhos. Os “cara-pintadas” devem substituir os “caras sujas”, ate porque eles são saudáveis, nutridos, moram bem.
Invistam em saúde, alimentação, escolas, habitação, etc. Dêem aos trabalhadores um salário digno. O que causa a inflação é a miséria. Já disse um filósofo “Educai as crianças para que não seja preciso punir os adultos”. De outra forma, não haverá rua para tantos menores, nem cadeias para tantos bandidos.
(Puplicado no Diário do Vale – 1994)
Jeanny Matos
Enviado por Jeanny Matos em 14/01/2009
Reeditado em 14/01/2009
Código do texto: T1383887
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