Consultório Médico.

A prevenção é fundamental para se ter uma saúde equilibrada, porém o difícil é prevenir-se. A saúde pública é deficiente e uma boa parte dos profissionais não se dedica como deveria, tornando inacessível o atendimento, até mesmo a quem está numa situação de urgência. O resto então nem se fala.

Diante desse caos que se encontra a saúde pública, aumentou consideravelmente a busca por um plano de saúde, na esperança de se ter um atendimento diferenciado, envidando-se todos os esforços para se pagar um, embora saibamos que há médicos que discriminam os pacientes cobertos por planos, elaborando agendamento diferenciado entre plano de saúde e particular. Quando se liga para marcar uma consulta, a atendente logo pergunta: “qual o plano?” Se a resposta for: “plano A”, por exemplo, ela responde: “estamos marcando para daqui a 15 ou 30 dias”; e se a resposta for: “particular”, então responde que tem para o mesmo dia ou para o dia seguinte. É um verdadeiro desrespeito! É um absurdo!

Quando se contrata um plano de saúde é pensando em investir numa melhor qualidade de vida; ter um melhor controle sobre a saúde e até prevenir-se de algumas possíveis doenças, mas na maioria das vezes, pagar um plano de saúde nos causa muitos transtornos e aborrecimentos e o retorno não é o esperado. Paga-se caro e somos mal atendidos. Embora a maioria dos profissionais de saúde tenha sua formação acadêmica em universidades públicas – mantidas por todos nós, através dos exorbitantes impostos e contribuições que pagamos – quando começam a clinicar não fazem o que deveriam fazer: oferecer o melhor de si, atender com zelo e respeito a seus pacientes, honrar seu juramento – salvar vidas ou torná-las mais saudáveis, enfim, retribuir em parte o que recebeu. Pelo contrário, são invadidos pelo orgulho, achando-se seres superiores e pensando em fazer fortuna. É claro, que toda regra tem exceção, mas a grande maioria, infelizmente age assim.

Outro fator que aborrece e dificulta a visita aos consultórios é a espera. Praticamente quase todos os atendimentos são marcados por ordem de chegada, quando deveria ser por hora marcada. Quando se faz um agendamento para um determinado médico, apenas somos informados sobre a hora que ele começa a atender – possivelmente – porque nem sempre chega no horário certo. Assim sendo, os consultórios ficam lotados e os pacientes extremamente estressados pela demasiada maçada. Dar para pensar que eles acham muito interessante aquela multidão nas portas de seus consultórios.

Quando somos obrigados a procurar um médico – que foi o meu caso, para tratar de uma crise alérgica* – já prevemos que uma manhã ou tarde será de total investimento de tempo para se conseguir ter o atendimento. Sem falar nos casos que ficamos aguardando sua chegada e depois de duas ou mais horas somos informados que não mais nos atenderá. É massacrante e fora de parâmetros aceitáveis esse custo/benefício.

Diante de tudo isso, somos acometidos de uma imensa impaciência e a vontade de ir embora; não mais fazer a consulta e praticar a automedicação. Mas a voz da consciência grita mais alta e nos faz parar e esperar resignadamente. Afinal, a vida é composta de longas esperas, fazer o que? Esperar, esperar, esperar... Até alcançar o sonhado objetivo.

Enquanto isso se conhece um mundo de gente, inúmeros casos de doenças diferentes, pessoas que vieram de outras cidades e que estão ali tentando um encaixe e de repente você para e pensa: ”sou privilegiado, há tantos casos piores que o meu...”, aí fica quieto e espera; ou então, durante a enfadonha espera, escreve um texto como este, repudiando a forma de tratamento que nos é dado e que somos forçados a aceitar.

* Consultório localizado no Complexo Hospitalar Wilson Rosado

Tarde de 13/01/2009

Cellyme
Enviado por Cellyme em 16/01/2009
Reeditado em 16/01/2009
Código do texto: T1387123
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