Amor Maior.

Vibrei desde os primeiros passos de Sylvia Maria, meu amor maior, há vinte e dois anos. Chorei nas apresentações do colégio, quando Sylvinha era mais uma entre as muitas Carméns Mirandas que dançavam para os pais. Da mesma forma chorei nas competições de ginástica aeróbica em que ela participou.

Algumas vezes tive que dizer não, embora nunca tenha sido uma mãe rígida. Quando neguei sabia que estava fazendo por amor e ela entendeu.O sim é muito mais frequente, entre os beijos e abraços que trocamos em nossa trajetória.

Sylvinha aceitou os limites, criou seu espaço, aprendeu a lidar com as frustrações e me surpreende com a maturidade com a qual enfrenta os obstáculos.

Buscamos  lidar afetuosamante com nossas diferenças e  semelhanças. Ela é ativa em demasia, eu lenta nas coisas práticas da vida. Ambas somos teimosas e intensas.

Seu professor orientador disse-me que a única coisa que fez durante a monografia do final do curso foi freá-la. Comentei que tento fazer isso todos os dias e não consigo.

Celebro suas conquistas como se fossem minhas e nesta semana, de mãos dadas, subi os degraus com a minha menina, para receber seu diploma. Desci com a nova arquiteta derramando alegria.

Na missa de Ação de Graças liberei uma emoção  incontida. Nem eu sabia que havia tanto amor ainda a liberar, mas amor de mãe é inesgotável e o choro veio sem pedir licença.

Em casa, junto à família e aos amigos que a amam, festejamos. Dividi com todos eles minha alma em festa,  principalmente com Sylvio, amigo, ex-marido, o pai que Sylvinha merece ter, e com minha mãe, sua avó e madrinha.

Minha filha está preparada para o futuro, já exerce seu ofício com disciplina, vocação e seriedade. Parte da missão está cumprida. Meu colo e o meu amor serão albergues perenes para ela descansar,





*Cria


Crescendo foi ganhando espaço
Pulou do meu braço
Nasceu outro dia e já quer ir pro chão
Já fala mãe, já fala pai
Já não suja na cama
Não quer mais chupeta
Já come feijão
E posso até ver os meus traços nos primeiros passos
Tropeça e seguro e não deixo cair
Se cai, levanta, continua
A porta da rua fechada
Criança não deixo sair
Da linha, da linha

Reflexo no espelho leva à emoção
A lágrima ameaça do olho cair
Semente fecundou
Já começa a existir

É cria, criatura e criador
Cuida de quem me cuidou

Pega na minha mão e guia


*Composição: Serginho Meriti/Cesar Belieny´, do Álbum Samba Meu, de Maria Rita, que eu e Sylvinha cantamos juntas todas as músicas.
Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 16/01/2009
Reeditado em 18/01/2009
Código do texto: T1387240
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