Contanto que seja

Você pode ser a putinha que quiser ser, contanto que a pessoa que te coma, não a veja apenas com olhos de brinquedinho do prazer.

Você pode ser a vagabunda que desejar, contanto que após o término, saiba filosofar.

Pode gostar de ménage, de artes plásticas, ou de arquitetura, contanto que ao ficar de quatro, saiba gemer lendo partitura.

Se for assim, tá tudo bem, ficará mais fácil achar um bem.

Um bem que te aceitará urrando de tesão, e de solidão.

Que será agressivo batendo no seu rabo, e terá mãos-de-algodão quando em sua face fazer carícia.

Você pode ser hippie, ou patrícia, inocente, ou cheia de malícia, contanto que saiba chupar de ator a polícia.

Pode se dar ao luxo de provocar um filho-da-puta apaixonado pela namorada, contanto que depois do estrago, saiba chorar até da alma sair caldo.

É um direito ex-clu-si-va-men-te seu, ser chamada de gostosa na rua, sendo que por dentro gostaria mesmo era de ser chamada de estranha.

Pode ir lá, anda, lesada.

Vai mostrar para aquele bicho à toa, que na sua gaiola o passarinho dele não canta, voa!

Mostrar que seu peito também serve para ser amado, e não apenas para ser babado, deveria ser seu emprego.

Se você quiser esfregar, e optar por não dar, está valendo, contanto que depois que chegue em casa, não deixe a imagem do cara passar pela porta de sua cabeça, e te assombrar.

E depois de achar que pode isso tudo, ainda pode ter a pretensão de sonhar em achar um cara que mesmo sem ser nada, seja seu tudo.

Ludmilla Castro
Enviado por Ludmilla Castro em 20/01/2009
Código do texto: T1393944