REEDITANDO OS VALORES FAMILIARES

O tempo vai passando e a cada dia aprendemos que esse é um novo dia, aprendemos a ser maleáveis, isso quando queremos, então passamos a correr atrás do prejuízo, das coisas deixadas para trás, do aprendizado que não tivemos ou simplesmente das coisas que julgávamos que não nos fariam faltas em tempo algum. É o caso dos antecedentes familiares, suas origens, suas facilidades ou dificuldades em suas passagens pela vida.

Em reuniões familiares por vezes ouvimos filhos, que enaltecem ou desmerecem o modo pelos quais os pais educaram os filhos, relatando a maneira nem sempre condizente com o que eles esperavam do formador ou formadora do núcleo familiar. Alguns atribuem suas dificuldades, as normas rigorosas adotadas por seus genitores; outros, por que esses não souberam agir com mais severidades, acham que tiveram menores chances, e, bem poucos são aqueles que entenderam as dificuldades por que passaram seus antepassados.

O que falta a esses que destilam lamuria por tempos a fios? Creio que a esses falta o conhecimento da história de seus pais, de seus avós, de seus tataravôs, e só com isso poderão concluir o porquê da rigidez ou liberalidade, que culminaram na formação de suas características pessoais.

Acredito também que a maioria desses filhos desconhece, que cada um de seus pais tem a sua própria história, eles editaram os seus currículos no tempo, mas os filhos na sua maioria, jamais pararam para fazer a leitura das estradas, caminhos e veredas percorridas por seus pais. Muitos desses diagnosticam as causas e os efeitos através de simples observações. É muito fácil observar e concluir sem um aprofundamento, sem a fundamentação básica da trajetória que existe por trás dos genitores familiares.

Sabemos existirem pais que vieram de pobreza extrema; pais que vivenciaram dificuldades culturais e que passaram por privações financeiras, que o impediram por vezes, na reposição de alimentos básicos, para a nutrição de sua prole; no entanto, esses fizeram de tudo, para que os seus filhos pudessem adquirir aquilo que eles não puderam ter: o conhecimento, através do saber.

E esses filhos o que fizeram ou fazem para compreender as múltiplas dificuldades gerenciadas por seus pais para criá-los, para educá-los e encaminhá-los na senda da virtude e do dever? Acredito que pouco ou quase nada. É preciso lembrar que quando esquecemos a história de nossos antepassados, por certo, não temos e não levaremos a história para os nossos filhos.

O que irá acontecer com as próximas gerações, quando essas levarem paro o futuro a incompreensão, o desconhecimento e a inabilidade desses filhos que serão pais? As causas anteriores persistirão nos efeitos futuros. É preciso quebrar o elo que liga o passado ao futuro no que tange a falta de respeito, a desarmonia, a incompreensão, o desamor, a agressividade e o desconhecimento da nossa história que é a história dos nossos familiares.

Acredito ter passado para os meus filhos, tudo aquilo que pude extrair de melhor, quando busquei conhecer a história e as particularidades dos meus antepassados. Procurei deixar para trás, o que não propiciaria acréscimo na formação de suas personalidades e a mim, como pai, para que pudesse propiciar uma estrutura familiar bem organizada de muito aconchego, prazerosa e de verdadeira receptividade. Não somos donos da verdade, e por certo, algumas anomalias passaram, mas eles por certo, filtrarão quando for a vez de creditarem para os seus filhos, quiçá o elo entre o passado e o futuro, no sentido já descrito, seja quebrado por definitivo e, uma nova geração inicie um novo registro cronológico dos novos acontecimentos, sem querer com isso, romper com a história de seus ancestrais.

Que aprendamos a conhecer o nosso passado, para melhor nos adaptarmos ao presente e, melhorarmos cada vez mais o futuro para os nossos filhos.

Rio, 20 de janeiro de 2009

Feitosa dos Santos