Viagem à Pirapora - II

Visitamos a Casa da Uva e estava delicioso o suco geladinho de uva da terra. A famosa cachaça atraiu a atenção da moçada e alguns doces também foram comprados.

Fomos conhecer a Ponte Marechal Hermes que é tombada pelo INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO DE MINAS GERAIS - IEPHA/MG Decreto n° 24.327 de 22/03/85 e é um verdadeiro cartão postal da cidade. Com 694 metros de extensão, a ponte liga Pirapora a Buritizeiro. Seu estilo é rústico em madeira e ferro. Proporciona ao visitante uma belíssima vista do rio São Francisco. A ponte foi doada pelo rei da Bélgica. Sua construção foi iniciada em 1910 e inaugurada em novembro de 1922, com as presenças do então Presidente da República, Epitácio Pessoa, e do Diretor da Central do Brasil, Assis Ribeiro. A construção da Ponte tornou realidade uma antiga aspiração de transpor o rio São Francisco até a sua margem esquerda. Na década de 1950, foi desativada pela Rede Ferroviária. Hoje por ela passam veículos de até uma tonelada, motos, bicicletas e pedestres.

A parte mais emocionante da viagem aconteceu no dia 15. Foi o passeio a bordo do vapor Benjamin Guimarães, o único modelo existente deste tipo no mundo, ainda em atividade.

O primeiro vapor a sulcar as águas do São Francisco foi o “Saldanha Marinho”, em 1875, vindo de Sabará, através do Rio das Velhas, trajeto que perdeu a navegabilidade. Outros grandes vapores também fizeram esta rota Pirapora-Juazeiro: Barão de Cotegipe, Wenceslau Braz – que foi depois sucateado, São Salvador que estão tentando restaurá-lo. Sua carcaça está no porto de Pirapora, o São Francisco que pegou fogo. O vapor BG é remanescente de uma frota de 66 “gaiolas”, que no auge do transporte fluvial circularam pelo rio São Francisco.

Originário do Mississipe , o Benjamin Guimarães foi construído em 1913, nos EUA. Nos anos 20, depois de navegar por algum tempo no Amazonas, foi adquirido pela empresa Julio Mourão Guimarães, daí batizado pelo nome de Benjamim Guimarães, em homenagem ao pai do proprietário.

Fazia longas viagens de Pirapora até Juazeiro (BA) da qual dista 1371km.

Na Segunda Guerra Mundial ele serviu para deslocar tropas do exército brasileiro. Os soldados iam do coração do País para o litoral de Pernambuco e do Rio Grande do Norte, faziam o patrulhamento da costa brasileira e alguns até embarcaram para a Itália para servir na Força Expedicionária

Seu primeiro comandante, no Rio São Francisco, foi Hermano Lagoeiro Albernaz, nele trabalhando por 30 anos. Hermano já havia trabalhado por 17 anos no Barco São Francisco.

Seu filho, Walfrido Lagoeiro Albernaz, com seis anos já acompanhava o pai nas viagens no barco. E, durante 10 anos, ele fazia o trajeto Pirapora-Juazeiro. Afastou-se a contragosto, porque precisava dedicar-se aos estudos. Voltou agora ao Vapor e muito se emocionou. Ficava, por longo tempo, admirando o Rio, pensativo. Muitas lembranças de seu pai, das viagens vieram-lhe à mente.

O vapor foi tombado pelo decreto n° 24.840 de 01/08/85 pelo IEPHA/MG. O início da restauração pela Franave- Cia de Navegação do São Francisco foi em out/86, depois da embarcação ficar parada por quase 14 anos, no cais de Pirapora impedida de navegar. O governo federal, então, destinou, para restaurar a caldeira que estava com fissuras, 350 mil reais. Era Presidente da República José Sarney. Os outros serviços de restauração exigiram investimento de R$ 600 mil, feitos pelo Ministério do Turismo, via lei de incentivo.

A reinauguração pela Prefeitura de Pirapora foi em 11/08/2004, quando Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva e Governador de Minas: Aécio Neves. Presidente do IEPHA/MG: Octávio Elísio Alves de Brito e Prefeito de Pirapora: Leônidas Gregório de Almeida. Foi uma viagem saindo do porto de Pirapora (MG) até o distrito industrial da cidade. Durante o trajeto, 140 pessoas, entre autoridades e população, degustaram uvas sem semente e cachaça produzidas na região. A capacidade total da embarcação é de 170 pessoas.

(continua)

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 15/04/2006
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