O meu direito à preguiça

"Tô relendo minha lida, minha alma, meus amores

Tô revendo minha vida, minha luta, meus valores

Refazendo minhas forças, minhas fontes, meus favores

Tô regando minhas folhas, minhas faces, minhas flores

Tô limpando minha casa, minha cama, meu quartinho

Tô soprando minha brasa, minha brisa, meu anjinho

Tô bebendo minhas culpas, meu veneno, meu vinho

Escrevendo minhas cartas, meu começo, meu caminho

Estou podando meu jardim

Estou cuidando bem de mim"

[Meu Jardim-Vander Lee]

A letra desta música de Vander Lee diz exatamente do meu sentimento hoje. ESTOU DE FÉRIAS e, por um tempo, vou me permitir todas as informalidades e trivialidades da vida. Exercendo meu sagrado "direito à preguiça" vou dormir mais tarde, acordar também mais tarde, ler sem ter hora de parar, ouvir muita música, almoçar na “hora do chá”, fazer a sesta na rede da varanda.

Ao longo do ano, passo a maioria do meu tempo fora de casa. É natural querer aproveitar as férias para ficar mais em casa. Não necessariamente EM CASA, mas voltada para a vida em seu entorno. Receber e visitar parentes e amigos, cozinhar, cuidar do jardim (minhas ervas medicinais, minha mangueira grávida e linda!), ir ao cinema, caminhar na orla, me envolver mais com as atividades culturais que participo e contribuo enfim, ter um tempo para o que realmente importa na vida, que é usufruir do convívio com os meus.

Vários amigos e amigas confessam que só se sentem de férias viajando.Sinto-me em férias quando estou em casa. Gosto imensamente de viajar mas nas férias a viagem principal é por dentro, é me apropriando e organizando um pouco minha bagunça cotidiana. Tantos filmes que programei ver, tantas leituras pra fazer, tantas visitas e passeios, tantas coisas aguardam minha presença e cuidado em casa!

Ajuda a entender que, com uma temperatura em torno de 27° graus as sete da manhã, com um céu azul de doer e o mar a 100 metros de casa, a cidade derrama-se em cheiros e sabores diversos e convida para o ócio criativo, a vagabundagem assumida e merecida. Só eu sei o quanto.

Nos vemos por aí?

“O vento beija meus cabelos

As ondas lambem minhas pernas

O sol abraça o meu corpo

Meu coração canta feliz...”

[De repente, Califórnia - Lulu Santos & Nélson Motta]