Lippy o puddle branco

Minha mãe, há muito tempo atrás resolveu adotar um cão abandonado por um locatário que residia em um dos seus imóveis. Possivelmente seu antigo dono não quis levar o cachorro, porque lhe faltavam condições financeiras para prover alimento e cuidados mínimos a pobre criatura.

Ela se prontificou a cuidar do bicho e a partir desse momento creio que foi amor a primeira farejada. Lippy, muito educado e respeitador é um puddle de tamanho e peso médio. Às vezes fico espantado com a cumplicidade e afeição que ele demonstra e devota aos pedidos de minha mãe: "Senta aqui Lippy", antes de ela terminar o cachorro já sabe até que deve manter-se abaixado. E fica aguardando prontamente o segundo pedido. Nunca foi treinado... Pura convivência.

Esse dias estava aqui sentando no meu quarto, trabalhando e escrevendo um artigo encomendado por um cliente do Rio de Janeiro, e ele calmamente senta-se ao meu lado e observa o tecla, tecla no teclado. Fica entendiado e sai. Passado cinco minutos dá um latido e pula na cadeira que mantenho ao lado para receber visitas, quer do seu modo demonstrar sua companhia e não se sentir tão solitário. Se inventar de sair e deixá-lo sem companhia, coitado dos vizinhos. Ele uiva até o dia seguinte.

Enquanto não chegar alguém ou minha mãe. Quando a vê, ele não se contém de alegria e dá ao menos 15 pulinhos curtos e enquanto ela não dispensar ao menos três minutos de atenção e afagos nosso colega de pelôs não sossega. Todo tratador de cães sabe o que é isso. Lippy é um sociável fanfarrão, que vira e mexe pensa que é gente, porém sua capacidade de demonstrar companherismo e não guardar ressentimentos é inspiradora, útil e muito superior a de muitos seres que se dizem humanos.

José Luís de Freitas
Enviado por José Luís de Freitas em 24/01/2009
Reeditado em 16/02/2012
Código do texto: T1402798
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