Fora, Preconceito, Fora!

Um dia, todos os sentimentos resolveram se reunir para discustir sobre um de seus membros: o Preconceito.

O Amor foi o primeiro a levantar e falar sua opinião:

- Eu acho que devíamos banir o Preconceito de nosso grupo! Não dá, ele não permite que eu trabalhe direito, vive atrapalhando os enamorados, famílias, profissionais.

A Felicidade não demorou a se manifestar:

- Concordo com o Amor, ele também não me deixa entrar nos corações, fazer as pessoas felizes com o que elas escolhem, vive se intrometendo: 'não, Felicidade, um negro e um branco não podem dar certo', 'não Felicidade, essa mulher não pode ser melhor que um homem', 'não Felicidade, eles são de religiões diferentes, culturas diferentes, não podem dar certo'. Eu cansei de ouvir isso dele!

E o Sucesso, que estava sentado ao lado, levantou-se e disse a plenos pulmões:

- Bravo, Felicidade, Bravo! Faço suas minhas palavras, como as pessoas podem crescer, como posso deixar a Realização com elas, se o Preconceito vive atrapalhando?

A Raiva, o Ódio, o Rancor e a Mágoa discordaram, e resolveram protestar:

- Senhores, discordamos da opinião dos colegas, pois nosso amigo Preconceito nos ajuda e muito em nosso trabalho, para nascermos nos corações, ele é uma das portas de entrada para nós. Não podemos bani-lo!

E foi aí que a discussão ficou acalorada. A Paz resolveu intervir:

- Ordem, senhoras e senhores, por favor, ordem! Os dois lados tem suas razões, seus motivos, porém acho conveniente que nosso colega manifeste sua posição diante de tudo, ele tem esse direito de se defender e expor seu lado.

O Preconceito, que ouvia tudo quieto sentado, levantou-se calmamente, foi até a frente da mesa, e calmamente começou seu discurso:

- Caros Amor, Felicidade e Sucesso: jamais minha intenção foi atrapalhar vosso trabalho. Aliás, muito pelo contrário, eu só apareço onde sou convidado, só entro no coração das pessoas porque elas me convidam. Sabem, minhas colegas aqui presentes, a Conquista e a Vitória, só podem entrar, assim como cada um de vocês, se eu for vencido, se as pessoas aprenderem que a Diferença, também ali sentada, serve para tornar cada um único, exclusivo. A função da minha outra colega Igualdade é, junto com a Paz, fazer com que as pessoas sejam iguais, cresça, evoluam e aprendam que religião, raça, sexo, cor, origem, condição social, orientação sexual, e outras coisas mais, não são motivos para Discórdia, Raiva, Rancor, Ódio e Mágoa, mas sim para tornar todos únicos, semelhantes, unidos em um só coração, para combater os males do mundo.

E o Preconceito, calmamente, prosseguiu:

- Aos meus colegas citados em último: Discórdia, que não se manifestou também, Raiva, Rancor, Ódio, Mágoa, até mesmo seus subordinados: Guerra, Miséria, Fome, infelizmente vocês são uma consequencia da minha existência. Meu intuito não seria colaborar mais com vocês, mas com os outros do grupo, porém, como disse, quando as pessoas aprenderem a me superar, logo, elas superarão vocês e aí sim, Paz, Vitória, Sucesso, Amor, Felicidade, Alegria e todos os outros poderão existir. Usando um pouco de Pessimismo, me desculpe Otimismo, isso ainda vai demorar para acontecer, pois a Diferença e eu ainda falam mais alto que vocês.

Obrigado pela atenção.

E, com isso, o Preconceito voltou ao seu lugar. O Silêncio permaneceu horas e horas pairando no ar. De repente, o Amor levantou e disse:

- O Preconceito fica. Cada um de nós só existe porque os corações humanos nos permitem entrar ou sair deles. Não cabe a nós, então, banir alguém do nosso grupo ou não. Deixemos essa decisão por conta de quem nos governa: os humanos.

Todos assentiram com a cabeça e começaram a se retirar, um a um, voltando aos seus afazeres.

Gu Oliveira
Enviado por Gu Oliveira em 25/01/2009
Código do texto: T1404388
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