Acordo Unilateral de Paz.

Se dependesse de mim não haveria guerras. Nem briga de rua haveria. É instintiva,  em mim, a conciliação. Incomoda-me a desavença entre irmãos.

Não consigo imaginar-me pegando em armas por ideal, amor ou território.  Eu não consigo matar simbolicamente  uma pessoa dentro de mim, quanto mais tirar a vida de alguém.

Sei por que lutam palestinos e judeus, mas saber não me basta para compreender. Há maneiras de solucionar problemas sem o uso de armas. A morte de inocentes pode até ser justificada, mas nunca aceita. 

Perco o freio e falo o que sinto. É verdade.  Não finjo, nem calo. Porém, peço desculpas quando me excedo. 

Há uma distância enorme entre palavras e atitudes, entre ofensas verbais e tiros, entre dizer e fazer.

Não sou santa.  Nem chego perto da santidade. Reajo quando me ferem. Se fosse santa não amaria como amo e estaria na Cruz Vermelha  ajudando a salvar vidas.

Aprendo a não carregar culpas que não são minhas,  pois com as minhas já lido com angústia. Conheço bem a fragilidade dos meus ombros, que não sustentam as dores de mães desesperadas.

Fecho os olhos às cenas de violência, pois nada posso fazer para evitá-las. Se pudesse faria.

Também não entendo o tal Acordo Unilateral de Paz . Aprendi no curso de direito que acordo exige a convergência de interesses das partes envolvidas.
 
Assim é na guerra e no amor. Só brigam dois quando dois querem. O amor só prospera quando os dois amam.

Eu torço pela paz em Gaza. Eu busco a paz em meu convívio e quando me vejo envolvida em um conflito que não criei sinto-me mal. Ainda que meu apelo não seja ouvido, faço o que está ao meu alcance nesse sentido. Assim venho conduzindo a minha vida. Assim cuido dos meus. Quantos às crianças da Faixa de Gaza, só me resta  rezar.


Mãos suspensas ante o silêncio
Meu gesto não foi em vão
Sigo em paz e não calo
Liberdade desconhece omissão.


Evelyne Furtado, 26 de janeiro de 2009.
Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 26/01/2009
Reeditado em 30/01/2009
Código do texto: T1404765
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