Amigo Caipira III

A nóis ai traveis, Sinhô Prisidente; Fernando Henrique Viajando Caipira Cardoso. Oia, a caipirada tá pirdida mesmo sô. Mais uma veis essa caipirada boa assinou pur ixtenso (sujou o dedão na tinta) o atestado de burrice. Ficou comprovado uai, além de caipira e vagabundo, nóis é tudo burro. Pur isso voismicê foi riileito – Ah! Ah! Ah! (rizada prisidenciar). Caipira é assim mesmo, liga não, caipira gosta de sofrê e ainda batê parmas.

Ao, tem um tar de PMDB qui si acorvadô, si bandiou, se dividiu. Nóis ficou sabeno qui os tar de rear vuaro feito pombo no rroizá. Voismicê é bão mesmo com as tar de palavras, sabe usá as danadinhas (manipular). Conseguiu, de forma qui nóis inté hoje num intendeu nada, jugá pra iscantei um concorrente, uma raposa veia qui pudia dá trabaio nas eleições. A raposa veia num teve iscôia, o jeito foi mesmo ficá aqui pras bandas das Minas Gerais, uai.

Tô me discurpano pur num iscrevê a mais tempo, inté qui quiria, mais deu não. Pirdi um tempão dos grandes assuntano pur ai, oiando televisão, lendo jorná de cabeça pra baixo. É, tá assustado pur que ? É de cabeça pra baixo mesmo, mais é de vergonha pur vê tanta tramóia qui vem aconteceno, e voismicê continuando a dá rizadas – Ah! Ah! Ah!

Sinhô Prisidente, qui istória é essa de cortá gastos na educação, na saúde, na manutenção das istradas (nos buracos) e tantos outros, inquanto dentro do governo de voismicê, se gasta com coisas qui num dá pra nóis intendê não. Oia só: mais ou menos R$ 7.000,00 na compra de “butuaduras”, mais ou menos R$ 7.000,00 na compra de porcelanas e mais ou menos R$ 29.000,00 na compra de jogos de cama e mesa. É, nóis quiria intendê pra qui tudo isso. Mais uma coisa nóis intende, qui voismicê tem qui iventá muito tipo de imposto pra nóis pagá.

Inquanto isso, a fome e o desemprego vai assolano o País e voismicê vai gastano com festas, viages e muito mais. Essa situação pricisa mudá, Sinhô Prisidente. Meu amigo Caipira Cardoso, ixiste uma tar de “imunidade parlamentá” qui num bate com a nossa realidade caipira e burresca (vem de burro). “Realidade”, mais parece um palavrão, nóis num sabe isplicá não, mais uma coisa nóis sabe muito bem: caipira pobre quando é preso sofre pra burro, já os caipira de Brasília, da tar “cama” dos diputados, esses pode tudo: pode vendê prédio condenado pra caipirada e ficá nadano nos dolar, pode sê chefe de gang, pode mandá matá, robá, disviá os rears pra tar de “Suissa” e até as tar de “Ilhas Caiman”, Nóis num sabe onde fica esse lugá (nem como iscrevi), mais iscutá falá nele todo dia qui Deus dá. Sinhô Prisidente, vosmicê pode inté acabá com essas “mordomias”, é só voismicê querê (ou voismicê não qué ou não pode ?).

Sinhô Prisidente Fernando Henrique Viajando Caipira Cardoso, nóis aqui imbaixo tá tudo pasmado, é CPI pra lá, é CPI pra cá. Mais nóis sabe qui num vai dá em nada. Já tem tanta CPI, mais nóis quiria qui aumentasse pelo menos mais uma. Vai aqui a nossa sugistão pra se formar mais uma, “CPI do desemprego, CPI do salário mínimo”, discurpi, nóis ia dá apenas uma sugistão, mais já qui saiu mais de uma, fica aí rigistrado. Oia, tá aconteceno de tudo nessas CPIs, tem inté cacique dano uma de pulícia. É Sinhô Prisidente, tem jeito não, a corrupção anda solta, galopando ai pelas bandas de Brasília. Voismicê, meu amigo, tá priocupado não, ou tá ? É, tem jeito não. É tanta farcatruas qui nóis tá inté morreno de medo. Essa farcatruas cumeça ai em Brasília e tá si ispaiano pur esse mundão de meu Deus.

Sinhô Prisidente, a saúde viró um caus, agora pra conseguir si interná é priciso fazê valiação pra vê quem tá mais perto da morte, só assim si consegue internamento. Qui ponto nóis foi chegá. Nóis caipiras e vagabundos temos qui tirá o chapéu (quem usa) pra voismicê, numa coisa qui voismicê fais muito bem; cobrá os tar de impostos. Nóis tá quereno sabê onde tá ino esse nosso rearzin tão suado e difíce de ganhá, mais qui é tirado com tanta facilidade (será qui tão ino pros cofres da Suissa ou . . . ? Sei não).

É, já dizia um outro amigo veio, “Ocês vai tudo sinti sodade da Veia República”. E pur falá em sodade, onde anda a justiça qui a gente não vê. . . Será qui a única justiça qui nóis pode isperá é a justiça de Deus ? Nóis tá viveno a chegada do Novo Milénio, mais tudo si apresenta com farso brilho. Tem muita gente si preparano pra festa de “500 anos do Brasil. Será qui essa festa vai tê caipira pobre ? Nóis acha qui não. Meu amigo Fernando Viajando Caipira Henrique Cardoso, nem lugá nas iscolas tem mais pra si assentá. Caipirinha qui quizé istudá, tem qui levá cadeira ou tamborete de casa ou intão si assentá no chão, é demais, Sinhô Prisidente.

Apruveitano qui tô lembrano, inté água tá fartano nesse País rico pur natureza e abençuado pur Deus. Abençuado pur Deus, sim, mais afanado com a ajuda de muitos caipiras gordos e presentes (figurativo) em Brasília. Tá criditano não ? A vida do pobre caipira, vagabundo e desempregado tá tão dura. É, mais nóis tá intendeno uma coisa; caipira pobre só é bão, dentro do caixão.

Sinhô Prisidente, purque voismicê num apruveita e numa dessas viages curriqueiras, dá uma passadinha lá pelas bandas do Nordeste ? Pode sê qui voismicê sinta a necessidade de mudanças, mais num é só sinti não, é realizá-las. A seca pra quelas bandas tá braba sô. Mais ainda dá tempo pra miorá um bocado bom a vida (qui vida) daquela caipirada boa. Sinhô Prisidente, tem um apresentadô de televisão, um tar de “Ratinho” qui é um caipira batuta mesmo, pode inté num sê iguale a voismicê, mais é porreta, num si pode negá. Viu só o qui ele aprontô lá pras bandas do Nordeste ? Mandô furá um poço, e sabe o qui ele discubriu ? Água! Sinhô Prisidente. E água da boa. Antão, voismicê não vai fazê nada ? É, nóis tá sabeno qui voismicê inté qui tem vontade de fazê alguma coisa, mais. . . (o ACM não deixa). Se voismicê tivesse peito pra desbancar esse “Cacique”, inté qui o Nordeste poderia vir a contribuir com a economia do País, sem contá a felicidade daquela caipirada boa, em vê a água jorrano. Quando será . . .

E a reforma grária ? Nóis tá pricisano tê pão mais barato pra si cumê. Com a tar de reforma grária, pode sê qui haja mais trigo pra si fazê pão, mais arroiz, mais feijão, mais . . . mais . . . mais . . . Pense nisso meu irmão., meu amigo de fé (ou sem fé) camarada.

Sinhô Prisidente, Viajando Caipira Cardoso, tamo veno falá pur aí numa tá r de “pulitica do salário mínimo”, onde voismicê tava tão priocupado com aumento. Não sabia si pudia sê R$ 135,00; R$ 136,00 ou R$ 137,00. Mais inté qui infim voismicê dicidiu. Qui baita salário: R$ 136,00. É meu amigo, nóis ficou muito priocupado com a trabaieira qui a caipirada de Brasília teve pra chegá a essa decisão. Discurpi, tava me isqueceno de uma coisa importante, mais caipira vagabundo e com fome tem dessas coisas. Voismicê lembra qui antes de dá esse aumentaço, voismicê mandô os “diputados e senadores” fazê uma investigação quanto a tar de cesta básica, e sabe o qui eles discubriro ? “A tar cesta básica tá ficano mais cara qui mandá os tar de dolar pra Suissa. “Ah! Ah! Ah! Vamos continuar mandano os nossos quiridos dolarzinhos pra Suissa, nóis num compramo essa tar de cesta básica mesmo!” (conversa entre eles). Eta pessoarzim porreta sô.

Muitas festa foram feitas pra comemorá o dia do trabaiadô, voismicê num acha qui é uma incoerência muito grande (põe grande nisso), quando na verdade o desemprego tá bateno em muitas portas, causano dor e sofrimento às famílias ? É priciso buscá uma saída qui constitua solidariedade e justiça, pra qui haja pelo menos o mínimo de dignidade em todas as mesas, ou seja, trabaio e pão pra todos. Voismicê, em sua campanha “elei-torera” . . . prometeu tudo isso e muito mais. Será qui vai ficá só nas promessas ? É . . ., é a tar de globalização.

Sinhô Prisidente, já é (ou já são) quase duas horas da madrugada, priciso pará e discansá um pouco. Curioso, voismicê já percebeu qui quando lhe iscrevo, é sempre madrugada ? E sabe purque ? Durante o dia é impossível pensá em alguma coisa, inté mesmo prum caipira pensadô. É uma correria braba sô. Antão, quando chega a noite, é hora da caipirada isquecê tudo, pois inquanto dorme não pensa nas amarguras da vida. Já comigo, esse caipira seu amigo, é o contrário. Em veis de deitá e dormir, sento na cama e cumeço a pensá, a refliti sobre aqueles caipiras qui num tem o qui cumê, num tem nem mesmo como expressar seus sentimentos (ou caipira tem (ou caipira não tem sentimentos ?), num tem uma casa pra morá. Voismicê sabe qui casa significa proteção, e qui todos tem direitos a ela ? É neste bailado meio qui dicuncertado, qui incontro forças e palavras, às vezes sem sentido, mais qui refliti uma realidade qui voismicê discunhece (ou faz de conta).

Pur falá em forças, disculpi, istô trupeçano nas palavras, boa noite (se é qui vai tê dispois de lê tudo isso) e inté otro dia ou otra longa noite de insonia. Qui Deus me dê forças pra qui eu possa continuá lembrano a voismicê, Sinhô Prisidente, qui nóis qué ixisti, ou mió, qui noís ixisti. Nóis tá aí, nóis qué sê gente, gente qui acridita na verdade, na justiça e, acima de tudo, purque ixisti um Deus qui tá oianno pur nóis, e pur voismicê também, se não! Nóis já tinha tudo murrido. É isso aí, inté, Sinhô Prisidente.

02/05/99

Wilcaro Pastor
Enviado por Wilcaro Pastor em 18/04/2006
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