Borboletas
Tudo porque era hora de fechar os olhos e deixar acontecer.
As borboletas - sempre elas - não o deixavam em paz. Impediam de comer, de beber, de respirar, de pensar com clareza sobre como deveria agir.
Além do mais, queria ver a cena. Não tem graça, sem ver. É como perder a melhor parte do filme, bem daquele que não vai reprisar tão cedo.
Claro, as sensações se fariam presentes. E dizem que com olhos fechados todos os sentidos se aguçam mais. Ah, mas a memória visual é impagável...
Na hora, não se lembrou de nada, como convém a um típico momento de ansiedade.
Não se lembrou dos olhos, dos ensaios, de como deveria se comportar.
Sentiu apenas as borboletas, batendo asas. E deixou-se voar.