Monumento à literatura - Tietê é pioneira no Brasil!

Dentre todas as ciências, a literatura é a mais ambígua, a mais indefinível. Todos os grandes nomes das letras e das filosofias tentaram defini-la e jamais passaram de uma definição meramente paradigmática. A literatura é como Deus: o homem crê que ele existe, que criou o universo, que mora em algum lugar divino... Mas ninguém sabe exatamente quem é ele, nem aonde ele mora, tampouco de que maneira ele interfere na vida humana.

Entretanto, existe um livro, o livro dos livros, a bíblia, sagrada para as religiões. Para os literatos, como eu, a bíblia é mais do que sagrada: é a mãe da literatura, a mãe das letras não grafadas, a mãe da ciência que tenta conhecer e codificar o espírito humano!

Como seria, então, uma escultura da literatura? Na visão de um artista plástico tieteense, este monumento seria uma bíblia desconstruída! E tem lógica, pois, segundo os grandes pensadores da humanidade, a literatura se desconstrói, com a nítida finalidade de se reconstruir dos cacos. O que resulta numa mutação enigmática. E, então, pergunta-se: por que se desconstruir e se reconstruir dos destroços, se fatalmente resultará na mesma coisa?

É exatamente aí que se encontra o nó cujo desatar está longe do alcance dos cérebros, ainda que brilhantes. Pois, ao mesmo tempo em que é igual, é também completamente diferente; e acopla, em si, paradoxos como Mário de Andrade, Patativa, Alencar e Machado. Seria uma tentativa de materializar os dicotômicos inerentes à espécie humana, e assim autopciá-los?

Não sei se o autor do monumento teve a intenção de homenagear a literatura. Mas, para mim, é justamente isto: a literatura esculturada! É uma obra maravilhosa, como poucas que já vi no Brasil: duas mãos para cima seguram uma bíblia aberta; a face esquerda encerra o livro de apocalipse (este é o ultimo livro da bíblia) e a face direita inicia outro livro (que não me recordo qual) talvez um pentateuco (que é um dos iniciantes do livro da vida).

O mais importante é saber que a obra inteira é uma bíblia desconstruída, e a partir daí, surge a interrogação: transformar-se-á em quê? Que caminhos percorrerão os destroços até completar-se a mutação? Semelhanças e diferenças em quê e para quê? Os professores tieteenses de Literatura devem estar pulando de felicidade. Não é toda hora que surge uma obra que tanto instigue o pensamento humano. Sem dúvida, um orgulho para o povo tieteense e, consequentemente, brasileiro.

Breve o monumento referido será fotografado e estará no meu Orkut à disposição daqueles que apreciam a arte de traduzir a alma humana e não dispensam o belo canto das sereias.