Conhecia Cruzeiro de passagem pois algumas vezes estive aqui a trabalho sempre, porém quatro anos atrás fiquei aqui durante alguns meses e sinceramente me encantei com a cidade e sua gente.
Isso me fez ter vontade de voltar aqui em meados do ano passado e ficar mais alguns meses convivendo e vivenciando Cruzeiro e os cruzeirenses, o que me fez decidir por vir me estabelecer aqui, gerar idéias novas e implementá-las aqui nesta cidade ou a partir daqui.
Hoje sou um novo morador desta linda cidade que está sim um pouco machucada porém acredito sinceramente que terá um belo futuro daqui para frente.
A população da cidade nas eleições do ano passado decidiu-se por mudanças reais e com isso mudou de mãos o poder que persistia por pelo menos 20 anos.
Isso já foi bom, porém mudar e repensar uma cidade não depende apenas de ter uma Prefeita inteligente, bem relacionada e trabalhadora.
Também não depende apenas dela nomear bons Secretários e Assessores com diplomas, doutorados e muito conhecimento, se bem que evidentemente isso ajuda muito.
Na realidade uma cidade muda a partir de suas células mais simples que nesse caso são os munícipes, desde o mais humilde operário ou aposentado até o mais nobre e influente empresário.
Existe a necessidade de se mudar atitudes, formas de pensar e agir, isto não é fácil e nem muito rápido de se conseguir.
Os servidores municipais desde os super-Secretários aos atendentes da portaria ou guardas municipais devem entender que a máxima “Todo poder emana do povo e em seu nome deve ser exercido” não é apenas uma frase bonita mas uma realidade a ser obedecida, seja pela nossa Exma, Prefeita seja por qualquer outro participante do governo municipal.
O munícipe deve ser respeitado, deve ser bem e prontamente atendido e não como quem está fazendo um favor a ele, mas como quem está prestando um serviço a seu real patrão.
Andando pelas ruas da cidade me deparei com diversos itens que me parecem mostrar descaso, descuido, vandalismo, falta de civismo, ignorância e outros adjetivos mais.
Eu vi dezenas de postes no centro da cidade com grossas camadas de cartazes colados seja para divulgar eventos ou cursos, isso é no mínimo criminoso e deveria ter uma punição exemplar prevista em lei, fazendo com que os autores ou patrocinadores do evento ou proprietários das empresas as quais os cartazes se referem arcassem com altas multas e que estas fossem no caso de eventos cobradas com seqüestro do caixa do mesmo.
Vi também muitas faixas , cartazes e out-doors instalados em terrenos públicos o que é absurdo até porque se um pode porque todos os concorrentes não podem?
Percebi que a cidade conta com poucas lixeiras de rua e a maioria delas está deteriorada e sem possibilidade de uso, vi que as poucas placas de sinalização de rua estão em péssimo estado e muitas devido a atos de vandalismo.
Coibir o vandalismo e denunciá-lo é dever de todo cidadão, pois o bem público é de todos nós e é do nosso bolso que de uma forma ou de outra ele é instalado e mantido.
Notei ainda que muitas calçadas estejam em péssimo estado de conservação e isso quando ainda existem.
Não se pode andar por elas tranquilamente em dia de sol e pior ainda quando chove, placas soltas, buracos que formam poças, mulheres que quebram seus saltos e caem devido a essas imperfeições e população que chega ao trabalho ou em casa com pés ensopados e evidentemente expostos a gripes e doenças.
Nas calçadas também encontramos entulho de obras de reforma ou materiais de construção para essas obras, além de objetos de comerciantes seja banners fixos em pedestais ou até mesmo churrasqueiras e outros.
Manter as calçadas não é responsabilidade da Prefeitura, mas ela deve cobrar através da fiscalização sua boa preservação ou reforma e faz parte do civismo e cidadania o proprietário do imóvel fazer isso sem mesmo ser cobrado pelo poder público e muito menos reclamar por receber esse tipo de intimação.
Ao poder público compete sim criar normas e padrões de como proceder para que haja harmonia na execução e que se evite degraus pois também temos de pensar nos deficientes que tem o direito de se locomover mesmo com suas dificuldades naturais.
Ainda nas calçadas é comum observar (aliás é necessário observar) em vários lugares espalhadas fezes de cães, nesse caso puro desleixo e falta de educação de alguns proprietários de animais que não se preocupam em recolher o despejo no momento em que ocorre. Aí caberia uma multa e no caso de cães abandonados cabe à Prefeitura e ao Depto. de Zoonose tirar esses animais das ruas.
Outra questão que me chamou atenção foi a quantidade de vezes que vi desperdício de água aqui na cidade, pessoas lavando veículos e deixando as mangueiras abertas escorrendo água, outras lavando calçadas e até mesmo a rua muitas vezes em dias de chuva (e veja não onde houve qualquer problema de inundação porque aí seria correto e lógico).
A realidade é que me parece que aqui a água e esgoto tem valores bem menores que em outras cidades e isso criou essa consciência ou inconseqüência de desperdício.
Cabe aí ao poder público gerar campanhas de conscientização antes que seja necessária a mudança dos valores de tarifa cobrados pelos serviços de fornecimento de água e saneamento e aos munícipes ter essa consciência e dissimilá-la aos parentes e visinhos.
Enfim, por isso disse que é necessário repensar a cidade, mas com a união de todos para que possamos ter realmente dias melhores num futuro próximo.


 
Renato Zecca é publicitário, radialista, webmaster e escritor, formado em direito, sociologia pela UNIVAP e pós-graduado em marketing pela ESPM-SP.
Essa crônica foi publicada dia 06/02/2009 no semanário Classe Lider da cidade de Cruzeiro-SP