O som que me define

Lembro até hoje. Deitado no chão. Com duas caixas, uma em cada ouvido. O três em um da CCE era bem explorado em altura máxima. Seja no disco de vinil, no K7 ou nas ondas da FM e AM, os meus ouvidos faziam festa.

Hoje uso fones de todos os tipos, e o aparelho agora se chama MP3, mas ainda me lembro do três em um da CCE. Não sei por que essa marca ganhou um apelido tão negativo. Cabei Comprando Errado nunca foi o slogan de meus pais. O aparelho resistiu a nada mais nada menos que cinco mudanças, a última de mil quilômetros. E resistiu.

Eram todos os tipos de som que saia daquela caixa retangular. Sim, eu sou eclético. É certo que algumas músicas eu prefiro ouvir só playback; em outros a capela soaria melhor. Uma música ela tem que estar firmada em um tripé: música, os instrumentos têm que estar no mesmo ritmo; letras por incrível que pareça às palavras falam e se não atende a essa características é melhor que não seja nem pronunciada; e afinação, eu não sei como ainda gravam certas músicas, o cara canta dando RÉ e seus músicos indo pra LÁ! Quando um som não atendia a essas três características não voltava ao aparelho. Política da casa, ou melhor, dos meus ouvidos.

Quando o tripé musical definido por mim era atendido, eu fazia o que mais gostava - ainda gosto -, repetia a música, para desespero de meus irmãos. Em uma manhã cheguei repetir uma música mais 15 vezes.

Se loucura da minha parte, não sei. Assim como matemática nunca fui bom em psicologia. O que sei é que se escrevo, devo isso à música. Seja do violino bem orquestrado, do piano bem arpejado, do violão bem dedilhado, da bateria bem compassada, a música me faz viajar, criar histórias, melhorar outras, refletir sobre diversos assuntos.

Sempre quis ser músico. Cheguei até cantar com uma banda que mais tarde se tornaria a Banda Shalon (banda de forró gospel). Para o bem das partes, resolvi só ouvir. Apesar de ser um desafinado em potencial, percebo qualquer ‘disfonia’ em uma música. Para azar dos músicos.

O que seria do mundo se Deus não desse aos homens a capacidade de cantar, tocar, e juntar as duas coisas. O que seria de mim se não houvesse CCE, MP3? Com certeza não teria este blog. Termino por aqui, pois preciso voltar For All Season. Mania dos meus ouvidos.

João Áquila
Enviado por João Áquila em 07/02/2009
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