O CIÚME E A SAUDADE...
Difícil é o caso de amor que não tenha um deles ou os dois caminhando juntos. Difícil é encontrar quem não tenha tido ou que não esteja envolvido com um dos dois. Qual deles é o pior ? Qual deles se pode evitar, ou mesmo controlar ? Qual deles dói mais ? Qual deles deixa marcas mais profundas ?
É uma estranha convivência mas, de fato não consigo acreditar que num relacionamento, seja de amor , de amizade ou de simples companheirismo pelo menos um deles não esteja presente.
Sempre fui ciumento. Como mais velho de uma família de quatro filhos, embora não me lembre com toda clareza, com certeza aprendi a conhecer o ciúme desde cedo. Hoje entendo que o ciúme, apesar de ser muito difícil de controlar, poderia entretanto ser dominado como se , por exemplo, pudéssemos ter a possibilidade de colocar arreios num sentimento.
O ciúme nada mais é do que o espinho da rosa, quer dizer, a rosa e sua beleza e seu perfume são e sempre serão mais importantes. É só olhar para entender e aceitar. Já ouvi , de alguém mais sábio e experiente, que ciúme na verdade é insegurança, é medo de perder quem já está nos nossos sentimentos e tomou conta do nosso coração.
Ciúme é dolorido, bem sei e como sei. Mas ele, o ciúme, tem uma inimiga feroz e ferrenha, que é a confiança. Um poeta certa vez declamou, de uma forma serena e singela que quem ama confia.
Se confiamos, não há lugar para que exista o ciúme. Não há espaço . Mas e a saudade ? Bem, saudade é muito mais difícil de controlar. Acredito até que deixe feridas mais dolorosas, mais sangrentas.
Ter saudade tira o sono, sufoca a alegria e perturba os pensamentos. Ter saudade é sentir falta de quem já foi nosso ou está longe de nós enquanto que o ciúme, é na verdade não ter certeza de que realmente temos alguém só nosso.
Por outro lado sentir um pouquinho de ciúme e também de saudade, não é tão ruim assim. Quando ficamos algum tempo longe de alguém que amamos, dá aquela dorzinha no peito e quando pouco depois voltamos a nos encontrar, uma sensação compensa a outra e , sem dúvida, é ótimo poder “matar” a saudade.
Acho até que, guardadas as devidas proporções, um pouquinho de saudade ajuda no relacionamento. Faz com que a gente perceba o tamanho exato do quanto gostamos da outra pessoa.
Tenho lido vários autores descrevendo o que é o amor, ou simplesmente tentando entendê-lo ou mesmo traduzi-lo.
Não que eu discorde de tudo que já se disse e que já li a respeito, mas creio que amor é tudo o que de mais belo existe, sempre acompanhado por doses variadas de ciúme e saudade. É praticamente inevitável. É como a cobertura do bolo, a calda do sorvete, o papel que embrulha a goma de mascar.
Apesar do lado , digamos assim, salutar dos dois sentimentos, preocupa-me quando ambos são incontroláveis, absurdos, irreais, agressivos. Já li que se mata por ciúme, que se agride por ciúme, que se pratica mil loucuras por ciúme.
Mas, atrevo-me a perguntar se esse tipo de reação agressiva e descontrolada é um sentimento ou um prenuncio de manifestações de loucura ?
Não sou psicólogo, psiquiatra, analista e muito menos crítico, mas alguém que gostaria de entender o ciúme descontrolado. O ciúme teria um antídoto de fato eficaz, que agisse pronta e rapidamente como se fosse uma aspirina ou um antiácido ?
Já a saudade, acredito que tenha um remedio salutar, pelo menos que eu saiba. É o tempo, este sim, que pode trazer alivio e conforto, muito embora injustamente seja acusado de ser o único responsável pelo esquecimento. Ciúme e saudade, apesar de aparentarem estar sempre de mãos entrelaçadas, não formam um belo casal.
O ideal seria se o ciúme e a saudade até existissem, mas que caminhassem lado a lado com a confiança , o equilíbrio , a tolerância e a compreensão. A grande verdade é que, arriscado-me a fazer uma auto análise, reconheço ter os dois, ciúme e saudade.
Entretanto me considero feliz, em termos, por saber controlar tanto um quanto outro.
Pelo menos até agora.....
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(.....imagem google.....)