HONESTIDADE

“A honestidade é como uma flor tecida em fios de luz, que ilumina quem a cultiva e espalha claridade ao redor” (Autor desconhecido).

A honestidade é uma característica do caráter do homem que está rareando em nossa sociedade, pois ser honesto hoje em dia causa perplexidade às pessoas que são solícitas ao “jeitinho brasileiro” de “ser dar bem” às custas de artifícios diversos que nem sempre são tolhidos pela corrente da lealdade, já que vivemos a época da traição e da safadeza, a ponto de muitos acharem que tais elementos de condutas são inerentes ao progresso e também ao processo evolutivo do ser humano como cidadão e como empreendedor no mundo dos negócios.

Acho isso o maior dos erros da sociedade moderna. Isso, para mim, é falta de cultura. Já se disse em certa ocasião num slogan de campanha eleitoral: “Eu roubo, mas eu faço!”. Não se pode admitir que nossa sociedade inverta os valores que são essenciais à valorização da alma. A deturpação desses valores passa por um caminho hostil e avassalador quanto aos princípios básicos da humanidade. Não se deve acreditar que o homem já ingressou na era da cinismo e da hipocrisia. Não devemos olvidar que um dia já vivemos a etapa da simples “palavra”, ou seja, quando alguém dizia algo num negócio era aquilo que valia. Essa regra deturpou-se pela sagacidade dos exploradores de plantão, já que não é mais possível fazer um negócio com base apenas no que foi combinado verbalmente. A palavra já não vale absolutamente nada. Aí mora o perigo!

Digo que a questão é cultural porque vejo algumas pessoas repassarem para seus filhos a regra do malandro, ensinando ao filho que o mundo é selvagem e que ele para sobreviver deve ser “mais esperto”. Mas esse pai jamais parou para pensar o que é realmente ser mais esperto. Sim, porque alguém pode ser mais inteligente, mais eficaz nas suas metas e assim sobrepujar o concorrente através de idéias e não através de manobras traiçoeiras que chegam ao ridículo, porque extrapolam a linha do bom senso, como aquele vendedor que mente sobre as características do seu produto, para poder ultrapassar a preferência pelo concorrente que de fato reúne os elementos substanciais que devem existir naquele produto. Assim, o próprio dolus bonus que o acadêmico de direito vê exposto nos bancos das universidades, concorre para a deslealdade, pois a propaganda, por exemplo, não raras vezes é enganosa, por pregar nas características do produto algo que não existe, ou algo que existe, mas que não contém a substância própria da sua característica principal.

Assim, passo a me perguntar: Até onde chegaremos com tais tipo de condutas? Devemos permitir que nossa sociedade continue a alimentar a regra do “ser dar bem” sem se interessar pelo custo dessa conduta? A questão é complexa, pois certa vez quis dizer que isso é um erro a um vizinho que costuma trilhar pelo caminho mais curto para alcançar seus propósitos - muitas vezes pisando no direito alheio – e ele me respondeu se não devemos ter direitos iguais, cotejando sua própria situação com a de um político, considerando que muitos deles se elegem com promessas enganosas, para depois defenderem seus próprios interesses se esquecem de quem os elegeu. O equívoco é grande. Ninguém deve falar em direito se o propósito a ser alcançado não é trilhando pelo caminho da legalidade. Maus exemplos são apenas maus exemplos. A pessoa que foi criada desde pequena com a idéia de que tem direitos mas também tem deveres, aprende também que a sua razão só encerra um direito se ele possuir uma linha divisória que se fecha quando começa a razão de outrem.

Acredito que existem dois princípios fundamentais para que nós brasileiros venhamos a mudar nossa trajetória de pessoas voltadas para a política do “ser dar bem”. Temos de conhecer em primeiro lugar a honestidade e em segundo lugar a ética. Quando essas duas fontes de riqueza cultural tiverem penetrado no coração das pessoas do nosso Globo terrestre, tenho absoluta certeza que o mundo caminhará em paz.

Estamos vivendo um momento singular da história de nossa humanidade. Embora exista uma guerra em andamento no oriente médio, indicando que o homem voltou à idade média em busca de território alheio, devemos considerar que uma anteninha de aviso, ou uma sirene de alerta andam soltas nos pensamentos humanos, fazendo-nos depertar de um sono profundo que nos tornava lenientes com algumas necessidades básicas da humanidade, mostrando-nos que devemos ficar atentos à nossa natureza e à nossa pureza de caráter, para que o mundo saia dessa torpeza em que se afundou, ante as decisões desumanas que alguns estadistas ensistiam em manter vivas, mas que hoje sofrem críticas exacerbadas, desfazendo as inúmeras injustiças que se implantou no último século. Um exemplo bem recente, é a eleição de Barack Obama, nos Estados Unidos, num sinal relevante de que o povo americano está abrindo os olhos quanto à sua postura de “donos do mundo”.

Já é hora do honesto poder brandar em qualquer canto de nossa pátria que possui essa riqueza dentro de si. Quem possui essa prerrogativa de caráter deve se sentir orgulhoso e agradecer aos seus educadores por terem lhe deixado esse legado. Quem deve se sentir ridicularizado perante a sociedade são aqueles que ensinam as regras da malangragem, dos caminhos escusos, das ruelas escuras, dos becos da clandestinidade, dos desvios de verbas públicas, enfim, quem deve sofrer com as consequências dos seus atos são os impuros de caráter e não aqueles que prezam pela moralidade e pela honestidade.

Cada um de nós deve fazer sua parte, estando onde estiver, fazendo o que fizer, procurando ser justo e honesto. Agir dessa maneira não custa nada e não incomoda à noite quando vamos dormir, apesar de que existem muitos por aí que mesmo sacaneando os outros conseguem dormir como se nada tivesse acontecido. Em todo caso, seu sono de hoje pode não ser o sono de amanhã, quando tiver de ajustar-se às regras estabelecidas em outras dimensões, onde não dependeremos apenas de matéria, mas sim do que plantamos em nossa alma.

A sinceridade em certos casos muitas vezes pode até machucar, mas os resquícios de desagravos serão abrandados quando tudo for esclarecido e a pessoa a quem se dirige o desagravo entender que aquilo foi só uma mensagem de honestidade e não uma repulsa maldosa. O muro da honestidade é tão alto quanto as nuvens do céu e ele protege contra quem lhe quer mal e deseja entrar em local que lhe é reservado como ser humano, mas deixa passar livre os fluídos da bondade que você deposita em deferência à verdade e à realidade dos fatos, porque desprovidos de qualquer máscara ou de qualquer mácula que lhe possa atingir.

Machadinho
Enviado por Machadinho em 10/02/2009
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