OS BRINCOS ^^=^^

Dolores e suas filhas, Rosa e Rose estavam na sala.

Dolores costurava roupas velhas... Remendavá-as.

Rosa e Rose desenhavam em um pedaço de papel.

Os desenhos era de sua própria casa.

Simples, pequena, pobre, humilde, quase vazia o pouco que tinham

na pobreza em que viviam era tudo, que elas conheciam.

Rose desenhou uma mesa velha e quatros banquinhos redondos.

Rosa desenhou a mãe com roupas velhas, de chinelos, despenteadas

com ar cançada, uma ruga na testa costurando no canto da sala.

E na parede pendurado um par de brincos de strass, pedrinhas bem miudas.

Então veio a curiosidade das meninas...

Mamãe! Por que esses brincos estão pendurados na parede?

A mãe olhava os brincos, como se estivesse longe! Pensou:

Que já estava na hora das meninas saberem da história dos "brincos"

pois já estavam grandinhas...

- Eu e seu pai estavamos com cinco anos de casados, já tinhamos

cinco filhos, um por ano. E seu pai se encantou por uma mulher que veio da capital.

Ela era muito bonita, uma formosura que só vendo!

Jogou todo o charme dela em seu pai... E ele pegou bem pegado, que me

deixou com cinco filhos pequenos,para eu criar sozinha.

De vez enquando ele aparecia para ver voces,e me dar uns trocados.

Tive que criar voces sozinha, trabalhei muito o dia todo para os outros, a noite em casa.

Lavei roupas, cozinhei, costurei, bordei, capinei roça, panhei café, tirei leite de vaca.

Trabalhei de vender doces de porta em porta.

E vira e mexe estava eu passando a noite acordada cuidando de um de vocês que estava

com febre, catapora, cachumba, sarampo...

Não tinha sossego de ficar de cama quando eu adoecia, tinha que trabalhar.

Passei fome para dar á vocês.

Passei frio para agasalhar vocês.

E seu pai lá na capital com a tal mulher bonita que só vendo.

Estavam morando juntos... Mas a morena, não tinha amor deverdade pelo seu pai.

Ela estava exigindo cada vez mais dele, o que ele não podia dar.

Ele foi por ela, humilhado, maltratado, ignorado até traido... Iso ele não aguentou e deixou-a.

Ela viveu com um, com outro, nunca conseguia se acertar com ninguém.

Até que arrumou um homem que a fez sofrer amargamente. Ela sofreu tanto,

tanto, que se arrependeu de todas as buradas que havia feito nesa vida.

Perdeu aquela beleza, aquele charme, ficou triste envelhecida, relachada...

Perdeu a alto estima.

E um dia ela bateu em nossa porta e quando olhei não acreditei... Estava

com ar de cançada, parecia muito infeliz.

Ela me olhou, e pediu perdão, por ter tirado seu pai da gente, em ter me deixado

criar sozinha vocês e disse que fez isso de puro capricho. Que nunca sentiu amor por ele.

Disse que tinha dado tudo errado na vida dela, e que estava arependida.

Então tirou da bolsa uma caixinha com esse par de brincos, disse que era para eu

vender, pois foi com o dinheiro de toda nossas economias que seu pai comprou os brincos

para ela.

Eu preferi pendurá-los na parede para servir de exemplo para o seu pai não cometer

uma besteira dessa novamente."

- Agora vamos parar com essa conversa que seu pai está chegando e ele não gosta

de se lembrar disso.

As meninas voltaram para o desenho...

Mas desenharam a mãe sentada numa lida cadeira toda torneada, com um vestido

maravilhoso, sandálias belissímas, uma coroa na cabeça e uma faixa que dizia:

- "Nossa mãe, nossa heroina!"

Lee Nunes
Enviado por Lee Nunes em 11/02/2009
Reeditado em 13/02/2010
Código do texto: T1434170
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