tristeza...

Da janela vejo o campo, a sua imensidão verde que corre para o horizonte e se perde na retina dos meus olhos. Há alguns botões amarelos que despontam aqui e ali, como pontos cegos, fazendo a paisagem parecer um quadro de Van Gogh. E há o vento, que faz o campo parecer vivo, cheio de movimentos leves como uma bailarina que dança entre as flores e os galhos das árvores, num suave bailar de uma música inexistente. E na linha do horizonte há uma fileira de eucaliptos, que faz esse campo parecer limitado como uma redoma. E eu sou um bicho trancado dentro de mim, que quer fugir para o campo, e me transformar em vento e me libertar. Mas há algo a mais nessa paisagem: uma janela de ferro, que separa meu corpo do vento, e uma janela de ferro dentro de mim, que separa minha alma da liberdade. Uma janela de ferro sem grades, porém estreita demais para um corpo passar. Uma janela de ferro toda feita de medos e de anseios...

Mariana Villa Real
Enviado por Mariana Villa Real em 23/04/2006
Reeditado em 23/04/2006
Código do texto: T143650
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