O incompreendido amor.

Lendo e relendo tudo que escrevem sobre o amor, cheguei à conclusão de que ele e o orgulho andam de mãos dadas.

Quando insistimos em permanecer estacionados em um sentimento de amor não correspondido, não estamos sendo altruístas, nem resignados. No fundo, é a teimosia, o amor próprio ferido que não nos permite aceitar o fato de que não há reciprocidade nesse sentimento e que insistirmos nele, sofrendo à toa, em nada nos engrandece.

No momento em que aceitamos a realidade da não reciprocidade, acaba-se o amor que imaginávamos sentir “para sempre”. Leva algum tempo, mas é como qualquer outra situação que vivemos. É necessário deixar de lado o orgulho e aceitar que cada um faz suas escolhas. E que se a pessoa que julgamos amar não nos corresponde, devemos deixa-la viver sem a sombra desse nosso sentimento, que mais se assemelha a ressentimento e que pode vir a perturbar a sua felicidade.

Pensar que seremos felizes vendo a felicidade do ser amado, mesmo sendo longe de nós, é ilusão, é autoflagelação emocional.

Se analisarmos bem, mantermo-nos ligados em pensamento aquele ser que pensamos amar desinteressadamente, mas que não nos corresponde, é pernicioso não somente a nós mas também ao outro. Estaremos alimentando uma situação um tanto obssessiva e doentia.

Penso que confundimos amor e paixão. Apaixonamos-nos e pensamos estar amando. A diferença, segundo o dicionário, é de palavras. Amor é AFETO INTENSO. Paixão é AFETO VIOLENTO, alucinação.

Diz um ditado popular que o amor nos deixa cegos. Isso é paixão. Alucinação.

Reflito muito sobre o tema amor, visto que tanto falamos nele. Penso que ele ainda mora somente em nossos lábios. A caminhada até o coração, ainda encontra muitos obstáculos. A vaidade, o orgulho, o apego à vida física são entraves para que ele se fixe no coração.

Sabemos que amor verdadeiro, não escolhe determinadas pessoas. Amor é emocionar-se diante da alegria de uma criança saltitando diante do pai, passeando no shoping. É ver um idoso sentado num banco da praça, aguardando que um filho, ou uma companheira termine seus afazeres e venha ao seu encontro para continuarem sua caminhada.

Amor é muita coisa e quase nada daquilo que tão prodigamente escrevemos sobre ele. Quando deixarmos de teorizar tanto sobre ele, provavelmente começaremos a vive-lo como deve ser. ( 16/02/2009)