Definitivamente, eu cresci

É. Definitivamente, eu cresci. Já não sou mais aquela menina de 18 anos, com os olhos assustados diante de um mundo cheio de possibilidades. Sou uma mulher. Uma mulher de 26 anos na cara, com os mesmos olhos assustados diante de um mundo cheio de possibilidades. Mas uma mulher com mais coragem para enfrentar as dificuldades. Ainda persisto com alguns medos bobos e inseguranças tolas. Continuo claustrofóbica, dramática, impulsiva e compulsiva. Mas sou uma mulher.

É. Definitivamente, eu cresci. Já não tenho os mesmos sonhos de outrora, nem a ilusão de amar sem sofrer. Tenho os pés no chão, mas não cravados na terra. Ainda tenho o dom infantil de imaginar, inventar o mundo com outras cores e desejar o que não posso ter. Continuo autista, artista, sensível e criança. Mas sou uma mulher.

É. Definitivamente, eu cresci. Já não tenho mais o tempo vago que tinha antes. O trabalho me consome, as noites de sono não são mais suficientes e quem paga minhas contas agora sou eu. Ainda sou aquela menina relapsa, desastrada e consumista. Continuo preguiçosa e desbocada. Mas sou uma mulher.

É. Definitivamente, eu cresci. Já não tenho mais empregada pra fazer o meu almoço ou faxineira pra limpar meu apartamento. Sou eu quem lava a louça, limpa o banheiro, põe o lixo na lixeira e leva o cachorro pra passear. Ainda deixo toalha em cima da cama e vejo a comida se decompor na geladeira. Continuo a mesma estabanada de sempre. Mas sou uma mulher.

É. Definitivamente, eu cresci. Já não vivo mais na casa dos meus pais. Divido o mesmo teto com o mesmo homem há quase 4 anos. E não é fácil. Tenho um apartamento que é meu, um cachorro que é meu e uma cabeça destrambelhada que também é minha. Eu acho. Já não tenho mais as mesmas certezas que carregava comigo antes. Hoje tenho dúvidas, vontades, pensamentos que me dividem e me confundem cada vez mais. Ainda sou aquela menina cheia de esperança e fé no amor. Continuo com uma paixão infinita dentro de mim, com aquela vontade imensa de abraçar o mundo e cheia de medo de mudar o que não me satisfaz mais. Mas sou uma mulher.

É. Definitivamente, eu cresci. Que medo. Que bom.

pann
Enviado por pann em 17/02/2009
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