AUSÊNCIA

Tua ausência me incomoda, entristece. Hoje, 22 de fevereiro de 2009, são exatamente 8h da manhã e faz exatamente 12h que te espero! Por onde andas, por quais caminhos percorres que não lembras mais de mim ?. Se é assim, que tudo termina, é também assim que tudo começa, na ausência. Já percebeu SS que dias atrás eras apenas um desconhecido?, ou seja, um ausente?. Pois é, mas hoje, depois de tudo que de longe vivemos, a ausência é diferente. Você se faz presente em todas as músicas que ouvimos e cantamos juntos, se faz presença apesar da ausência.

Se a métrica literária não cabe aqui, os desejos e ansiedades por nós vividos, são somatório das nossas expectativas reais, presenciais, na vida de um e do outro. Não és apenas fascinação, és também inspiração. Lembro-me de um livro intitulado “ O vendedor de Passados” do autor angolano José Eduardo Agualusa. Neste, ele cria e vende passados para clientes distintos. Passados bem diferentes dos que possuíam. A lucidez da osga,personagem do livro, é admirável: “A única coisa que em mim não muda é o meu passado: a memória do meu passado humano. O passado costuma ser estável. Está sempre lá, belo ou terrível, e lá ficará para sempre.”

Já percebeu que nosso passado está sendo construído hoje ?, e o quanto desta ausência se fará presente na história do nosso passado?, será que teremos que recorrer um dia aos serviços do vendedor de passados para criar um que não vivemos ou que não construímos?. Não, isso não! Certamente não seríamos nós...somos verdadeiros até mesmo na ausência!

Literariedade pura! Mas emoções e sentimentos verdadeiros não fazem parte desta condição literal, ficcional! Quando Pierre Bourdieu, grande sociólogo da arte, descreve o que de fato existe na vida do escritor e que ele incorpora a sua obra, transformando-a em pura ficção, posso concordar sem medo de errar, que todas as estórias contém de verdade um pouco da verdade de seu autor e que por momentos criamos ficção em cima da realidade, transformando em um tipo de ausência algo de verdadeiro que não foi escrito.

Assim estão as coisas neste momento SS. Precisamos da presença verdadeira e real, mesmo separados por horas de distância, mesmo que separados por situações e escolhas diferentes, por momentos de vida diferentes. “ Agimos certo sem querer, foi só o tempo que errou...porque você está comigo o tempo todo e quando vejo o mar...” sei que estás além dele, mas tua presença é muito forte em tudo, em cada pensamento, em cada ação, apesar da triste ausência que teima em dizer-me que devo esperar-te sempre e mais...

Sanderly Correia.

Sanderly Correia
Enviado por Sanderly Correia em 22/02/2009
Reeditado em 24/05/2010
Código do texto: T1451894
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