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Dizem por aí que é carnaval.

E eu aqui, sentado na frente dessa tela sem ter o que falar.

Chegou o meu dia. Todo homem tem um dia em que não há nada a ser dito. Hoje é o meu.

Poderia falar do tempo, da má sorte... Mas como é carnaval e estão todos ligados nas escolas de samba, não quero ser repetitivo e deferi-los uma série de não-assuntos; além do mais, quem lerá esta pequenina crônica?

Não tenho coragem de enviar esta infamia a ninguém que conheço e provávelmente a nenhum de vocês, já que assunto nao me sobra e tempo não lhes resta.

Estão todos ocupados demais bebendo sua cerveja, dançando suas marchinhas e destruindo a si mesmos, assim como faço, fiz e farei amanhã novamente. As fantasias, o álcool, o fácil, e logo me volto ao divino, à introspecção, em pleno domingo de carnaval. Não sou cristão.

Enquanto todos os amigos estão arrumando casos para contar amanhã, eu decidi dizer-lhes, ninguéns que me lerão, que preferi aconchegar-me ao meu lar e praticar a boa e velha preguiça, além da falta de assunto que me assombra.

Todas as palavras se esváem da mente, num sopro tímido e mortal, em que o verbo morre e fica a intolerância presunçosa.

Logo chegará a aurora pálida pelas nuvens da garoa passada. E assim, vai a noite de carnaval, enquanto pequenas letrinhas dançam na tela da chuva e no meio do pc.

Bárbara Guerra
Enviado por Bárbara Guerra em 23/02/2009
Reeditado em 10/04/2009
Código do texto: T1453100
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