## um carnaval diferente ##

Estava ficando chata as férias. O que tinha de bom pra se fazer no Rio já tínhamos feito. Não estava dando praia,  a chuva não dava uma trégua. Resolvemos pegar um ônibus e ir para São Paulo visitar uns primos.

Lá também choveu, mas fizemos programas diferentes e foi muito bom.

Comecei a sentir falta do Carnaval, provavelmente não estaria em Recife a tempo e fiquei me perguntando o que poderíamos fazer por lá.

Para minha surpresa, o irmão de uma amiga de minha prima era da escola de samba "Pérola Negra" e numa noite nos perguntou se queríamos desfilar  pela escola. Claro que não pensei duas vezes. Ia ser uma experiência e tanto. Não havia fantasias para as alas já formadas, mas me disseram que eu poderia desfilar na ala do teatro e meu namorado (hoje meu marido), sairia na comissão de frente. Pra mim, perfeito.

Eu estava adorando a idéia. No dia me deram um vestido todo vermelho de lantejoulas e bem agarrado ao corpo (achei até que havia engordado muito nas férias, de tão colado que era, rs), uma sandália alta, umas plumas com outros adornos na cabeça e fizeram uma linda maquiagem. Fiquei deslumbrada porque a fantasia estava linda.

 Quando olhei aquela multidão na avenida, me deu um friozinho na barriga. Por essas alturas meu namorado já estava bem longe (na comissão de frente) e eu lá, no meio da escola, com um monte de gente que eu não conhecia em volta. Mas em pouco tempo, durante a espera, já havia conhecido algumas pessoas que estavam na mesma ala e nas próximas.

Imaginei se aguentaria atravessar a avenida com aquela sandália alta e além do mais, sambando (rs). Logo eu que só brincava de tênis e short nos carnavais de rua. Mas olha, quando o samba começou a tocar e olhei para as arquibancadas repletas, apareceu uma disposição, uma energia maravilhosa, o samba parecia estar sendo introduzido na veia. Foi subindo uma emoção, uma vontade de acompanhar a música. Coisa de louco. Tenho certeza que baixou o espírito de alguma mulata em mim. Não senti sandália, nem cansaço, nada. Parecia que sambava na Pérola Negra desde pequena(rsrs). Os gringos filmavam, tiravam fotos e  eu me achando a própria Brunet (rs).

Foi uma sensação única, de dar arrepio. Em pouco tempo eu sabia o samba de cor. O som da bateria parecia empurrar o corpo, fazendo com que a alma vibrasse junto, em sintonia perfeita.

Esse carnaval sem dúvida foi marcante pra mim, especialmente lindo e inesquecível. Hoje, olhando o desfile das escolas, pude sentir novamente a sensação deliciosa de entrar naquela avenida.