Do sonho para a realidade: Voo Solo!

Sensações são sempre complicadas de descrever justamente porque é preciso senti-las, mas vou deixar um pouquinho do que senti ontem pela manha, dia 23 de Fevereiro de 2009.

Depois de 4 anos, tinha entrado novamente num avião, tinha parado de voar porque faltava uma bendita licença pra continuar meus vôos, isso já tava me incomodando de tal forma que ganhei vários cabelos brancos, exatamente com 24 anos e vários cabelos brancos. Comecei a faculdade de ciências aeronáuticas - (ver texto: A vida de uma escolha só)- e com isso deixei de lado essa tal licença pra voar e me dediquei na faculdade, claro que pra continuar a facul teria que ter essa bendita carteira, fiquei segurando ate onde não deu mais pra poder ficar sem ela.

Numa tarde de segunda eu fui fazer a tal prova e passei, finalmente meu sonho de voar novamente estava de pé. Pensando comigo voltando pra casa, fiquei-me imaginando novamente entre os pássaros, céu azul, aquele vento soprando no ouvido, coisa mais boa, até que na quinta-feira eu pude novamente encostar no velho e bom P-56 Paulistinha, uma aeronave de instrução, muito boa por sinal, na verdade é uma pandorga, mas voa bem (risos). Primeiro vôo depois de 3 anos é sempre meio complicado, o coração quer sair pela boca, a mão suando sem parar, as pernas bambas, mas tudo ocorreu muito bem, ate meu instrutor dizer “pra quem não voa faz tempo, você ta voando muito bem”, bastou pro meu dia ficar melhor, foram assim ate o dia 23 de fevereiro, quando fui fazer meu “TGL” ( é tocar a pista e arremeter, treinamento para pouso e decolagens), depois de uns 5 pousos, meu instrutor e amigo Bruno Gil diz pra mim, “Tu te garante?” e respondi com aquela certeza, “Claro que sim”. Foi ele saindo do avião e me deixando a mercê do que poderia acontecer sem meu instrutor ali. Alinhado na pista, confirmando bussola e altímetros, checados, motor a frente e “me voy” para a primeira decolagem sozinho. Foi bem tranqüila, mantive o eixo da pista, bem centrada, decolei com 60MPH e vi o avião saindo de lado por causa do vento, fui buscar o eixo da pista e subi ate 3500 pés (Em torno de 350 metros, sendo que a elevação de Caxias é 2740 pés). Após nivelado reduzi potência, cheque pré pouso feito, tudo ok, vim trazendo ele para o vôo planado com 60MPH, fiz o cheque de área, vim curvando pra alinhar com a pista, olhei pra trás e senti, meu instrutor não ta ali, ainda dava aquele gelo, mas sabia o que tava fazendo. Alinhado com a pista, fechei o ar quente do carburador e vim trazendo ele pra colocar com a pista, ate que recebo uma bela de uma rajada de vento e a cauda que tava leve sem meu instrutor me joga fora do eixo, e lá vai o Mateus consertar o avião pra deixar alinhado, digamos que para o meu primeiro vôo solo já foi um belo desafio. Mas que é bom é, você sentir toda aquela adrenalina, aquela emoção de voar sozinho e você ganhar a confiança de uma pessoa pra liberar um avião e deixá-lo em suas mãos.

É uma sensação única, você ver que um sonho que desde pequeno te perseguia, que ficava no teu encalço, se tornar verdade, é para poucos. Após o solo, tive que ganhar meu banho de óleo, batismo pra quem voa sozinho pela primeira vez – (Fotos estão no Orkut). Demorei pra tirar aquele óleo, mas nem me importei, até porque minha mãe me lembrou de um dia que falei “Como queria tomar um banho de óleo”, e agora era eu quem tava sentado na pedra, tomando o famoso “petróleo”.

A quem tem um sonho, não desista nunca, são poucas as pessoas que conseguem seguir uma carreira que tanto sonham, são aqueles batalhadores, que perseguem seu objetivo com garra e vontade.

Deixo esse texto justamente pra encorajar quem quer um sonho a seguir, eu demorei anos pra voar solo, pra continuar meus vôos, mas nunca desisti e nunca desistirei de qualquer sonho que venha a ter.

Sigam os seus sonhos!